A rede de farmácias gaúcha Panvel, uma das maiores do país, abriu nesta semana as primeiras lojas no Paraná. A empresa vai fechar o ano com quatro pontos de atendimento em Curitiba e outros 11 estão planejados para 2011. A chegada da empresa na capital acontece um mês depois de a Nissei, maior rede paranaense, entrar no mercado de Santa Catarina, também atendido pela Panvel. A Nissei conta com cinco lojas no Estado vizinho, prepara a inauguração de mais quatro para janeiro e sua meta é somar 18 até junho.
A direção das duas empresas trata os cruzamentos de fronteiras como parte da estratégia em andamento. "Já estava na programação deles e na nossa. Foi coincidência entrarmos em Santa Catarina e eles chegarem aqui logo depois", diz Sergio Maeoka, presidente da Nissei, que no segundo semestre planeja estrear também no mercado do interior de São Paulo. "Chegar ao Paraná foi consequência lógica do nosso plano de expansão", diz Julio Mottin Neto, diretor vice-superintendente da Panvel. "Chegamos em Joinville (SC) há dois anos e a próxima cidade seria Curitiba", diz ele, que quer fechar 2012 com 30 lojas na cidade e não descarta a ida para o interior.
A Panvel tem hoje 270 lojas, sendo 50 em Santa Catarina e o restante no Rio Grande do Sul. "Acreditamos no crescimento orgânico e usamos recursos próprios", diz o diretor, sobre o modelo adotado pela empresa que deve faturar R$ 1,35 bilhão em 2010, sendo 65% no varejo e o restante no atacado. Um dos diferenciais do grupo, segundo Mottin Neto, é a venda de produtos com marca e fabricação próprias. As lojas oferecem cerca de 500 produtos de higiene e beleza em 15 marcas da Panvel. "Somos uma farmácia com O Boticário dentro", diz o empresário, em referência à fabricante paranaense de perfumes e cosméticos.
Esse diferencial ajuda a engordar as vendas de Natal, quando a Panvel monta e vende kits de produtos. "Crescemos 17% ao ano no varejo nos últimos cinco anos", diz Mottin Neto. "É a taxa adequada para o Brasil". No Natal, segundo ele, as vendas costumam crescer 35%. A empresa tem ações no mercado, mas é controlada por três famílias do Rio Grande do Sul: Mottin, Pizzato e Weber. Na opinião do empresário, "o Brasil tem espaço para o crescimento de redes de farmácias". Ele planeja investir R$ 6 milhões em 2011 no Paraná.
Maeoka, da Nissei, não demonstra preocupação com o desembarque da concorrente e diz que, no varejo, o tamanho das duas é semelhante. "Estamos quase empatados", diz. A Nissei tem 160 lojas, sendo 70 em Curitiba. Em 2010, o faturamento esperado é de R$ 650 milhões, 15% maior que em 2009.
Para 2011, a meta é crescer 30% e, além dos Estados vizinhos, vai abrir 15 lojas no Paraná, em cidades com mais de 80 mil habitantes. Maeoka pensa em abrir e em fazer aquisições. Para Santa Catarina, após abrir as 18 lojas planejadas, ele vai analisar o comportamento do mercado antes de seguir adiante. No caso de São Paulo, a intenção é começar pelo interior e depois avançar.
Para suportar a expansão, a Nissei vai construir um novo centro de distribuição em Curitiba, com 10 mil metros quadrados, o dobro do tamanho do que possui. O investimento previsto para 2011 é de R$ 20 milhões, também o dobro do valor usado em 2010. Por enquanto, Maeoka descarta a abertura de capital e o lançamento de ações.
"Temos fôlego para trabalhar sem recorrer ao mercado até alcançar R$ 1 bilhão de faturamento", diz, sobre o alvo que pretende alcançar em 2012. O avanço da empresa para outros Estados está acontecendo um pouco mais tarde que o previsto, porque antes da entrada da Panvel, a Nissei teve de se defender no próprio território da chegada de outras redes de fora, como a Droga Raia.
Veículo: Valor Econômico