Lácteos: Com apoio do BNDES, Bom Gosto e GP criam empresa de R$ 3 bi

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A gaúcha Bom Gostoe a Leitbomanunciaram ontem a fusão das duas companhias para criar uma nova empresa, a LBR - Lácteos Brasil. O laticínio será o segundo no ranking de captação de leite no país - atrás da Nestlé e à frente da Brasil Foods - , com 2 bilhões de litros de matéria-prima por ano e faturamento bruto de R$ 3 bilhões.

 

A Leitbom é controlada pela Monticiano Participações, uma empresa que tem como acionistas a GP Investimentose a Laep, controladora da Parmalat.

 

Na nova empresa, a Monticiano terá a maior fatia do capital, com 40,55% de participação. A BNDESPar ficará com 30,28% e a Bom Gosto, com 26,3%. O fundo CRP (que já era acionista da empresa gaúcha) terá 2,87%.

 

As ações da Bom Gosto serão incorporadas pela LBR, e todos os acionistas do laticínio gaúcho migrarão para a nova empresa. A BNDESPar fará um aporte de R$ 700 milhões na LBR. Serão R$ 450 milhões via aumento de capital e R$ 250 milhões via subscrição de debêntures conversíveis em ações, que serão emitidas pela LBR. A BNDESPar já era acionista da Bom Gosto, na qual tinha uma fatia de 34,6%.

 

De acordo com Fernando Falco, que dirigia a Monticiano e agora vai presidir a LBR, a fusão vai gerar ganhos de sinergia e complementaridade entre as empresas. Enquanto a Bom Gosto é forte no Sul e Nordeste, a Leitbom tem participação importante em Goiás, São Paulo e Rio de Janeiro. "Teremos produtos para todas as classes e regiões do país", disse Falco.

 

Questionado sobre as críticas que a participação expressiva do BNDESPar no capital de algumas empresas tem gerado, Wilson Zanatta, fundador da Bom Gosto e agora co-presidente do conselho de administração da LBR, disse que o setor de agronegócios precisa de apoio e recursos para desenvolver a cadeia produtiva e aumentar a produtividade. Fersen Lambranho, co-presidente da GP Investments, também será co-presidente do conselho da LBR.

 

Segundo Falco, para entrar na operação, o braço de participações do banco oficial de fomento exigiu que a LBR assumisse o compromisso de investir no desenvolvimento da cadeia produtiva do leite.

 

Wilson Zanatta negou que tenha se decidido pela fusão com a Leitbom em decorrência do nível de endividamento da Bom Gosto. A empresa gaúcha cresceu nos últimos anos por meio de aquisições, que levaram seu endividamento financeiro líquido para R$ 347 milhões em 2009. "Esse é um endividamento normal de qualquer empresa", afirmou.

 

A LBR terá presença em todas as regiões do país, com 30 unidades de processamento e capacidade para processar 8,3 milhões de litros de leite por dia. Terá ainda 6.400 funcionários e 56 mil fornecedores de leite.

 

Segundo Falco, o objetivo é promover o crescimento orgânico da nova companhia. Como há hoje uma capacidade ociosa de 30% nas fábricas, é possível avançar sem novos investimentos. "Projetamos um faturamento de R$ 4,5 bilhões em 2012, o que é possível de ser alcançado só utilizando a capacidade hoje ociosa", afirmou. A abertura de capital da nova companhia, no futuro, também está nos planos, de acordo com o executivo.

 

Segundo ele, com a fusão será possível obter ganhos de distribuição, otimizar fábricas e melhorar a qualidade da matéria-prima processada.

 

As conversas entre a Bom Gosto e a Monticiano começaram no fim do primeiro semestre. Em março, a Monticiano já havia formado consórcio com a Laep, dona da Parmalat, que estava em dificuldades financeiras. Nesse consórcio, a Laep aportou fábricas e marcas das empresas Glória e Ibituruna e recebeu ações ordinárias da Monticiano.

 

Segundo a nova empresa, seu portfólio contará com 16 marcas e alcançará todas as regiões do país. Dentre as principais marcas estão Parmalat, Leitbom, Paulista, Poços de Caldas, Glória, Boa Nata, Bom Gosto, Líder, Cedrense, DaMatta, São Gabriel, Sarita, Corlac e Ibituruna. A linha de produtos inclui leite longa vida, leite em pó, condensados, queijos e iogurtes

 

Veículo: Valor Econômico


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