O fluxo maior de clientes nas lojas no final do ano aumenta também a ocorrência de problemas com dinheiro falso. Para se prevenir, empresários recorrem a técnicas novas e antigas, entre elas o treinamento dos funcionários e a utilização de máquinas importadas para checar se o dinheiro é verdadeiro.
Falsificar dinheiro é crime previsto pelo Artigo 289 do Código Penal. Colocar a nota em circulação é crime mesmo que a pessoa tenha recebido o dinheiro de boa fé. Segundo funcionário do Banco Central que preferiu não se identificar, foram registrados 680 mil casos de notas falsas no Departamento do Meio Circulante em 2007. As notas de R$ 50 e R$ 10 são as mais falsificadas.
Segundo o consultor Marcos Quintarelle, coordenador de varejo do Comitê de Marcas Próprias da Associação Brasileira de Supermercados (Compro) e sócio-fundador da Associação Brasileira de Marcas Próprias e Terceirizações (ABMAPRO), é normal o aumento da falsificação no final do ano. "Todo final de ano é um época delicada. Não só para o comércio, mas também para os bancos", reforça Quintarelle.
TECNOLOGIA. Para se proteger, os comerciantes podem investir em tecnologia. É possível adquirir máquinas ultravioleta por R$ 80, acessíveis para lojas pequenas e médias. A gerente da loja Super Santa, em Ipanema, Luiza Marilia, já teve algumas más experiências com dinheiro falso, principalmente no final de ano.
"Tenho uma caneta que trouxe dos Estados Unidos, que serve para identificar notas falsas. Ela era para dólar, mas descobri que funcionava para real também. É só riscar em cima da nota: se a tonalidade da tinta ficar entre bege e marrom, a nota é falsa", explica.
Além da caneta, Luiza tem um aparelho parecido com um pager, que identifica notas falsas. "Procuramos ter muito cuidado. As piores são as notas de R$ 50, a mais fácil de ser clonada. Ensino para os vendedores quais procedimentos devem ser tomados, e até como tratar a pessoa quando for constatado o golpe", conta.
Já a sócia e estilista da loja de artigos esportivos CCM Sports, que tem quatro lojas próprias e dez franquias espalhadas pelo Brasil, Kenia Cariello, contratou uma consultoria para treinar os funcionários. "Os treinamentos englobam tudo: malícias de comércio, atendimento e postura dentro da loja. A época de Natal sempre traz confusão", conta.
Kenia destaca a atual crise financeira iniciada nos Estados Unidos como um grande problema. "Acho que essa crise vai afetar o comércio, mas as pessoas continuarão com desejo de consumir, o que pode levar ao aumento de falsificações", acrescenta.
Táticas. Entretanto, no lugar de máquinas e treinamento especializado, muitas lojas possuem táticas simples, que ajudam nessa identificação. Aline Campos, caixa da loja de sapatos Andarella, no Botafogo Praia Shopping, na Zona Sul do Rio, costuma olhar contra a luz e verificar aquela fita que tem no meio de toda nota.
"A nota falsa é um pouquinho maior do que a verdadeira. O comportamento e o perfil do cliente é a coisa mais importante. Escolher tudo muito rápido, não olhar o preço e ter pressa para pagar são indícios típicos desse tipo de pessoa", ressalta.
Dona de uma loja de conserto de sapatos e couros, no bairro do Recreio dos Bandeirantes, Maria Penha França também não tem nenhum aparelho para ajudá-la a não ser passada para trás. "O meu método é ficar bem atenta a quem entra na loja e observar as marcas das notas, principalmente a fitinha do meio", diz.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ