Aumenta a distância entre as varejistas atuantes no segmento de hipermercados Carrefour e Grupo Pão de Açúcar (GPA). Com a entrada da Casas Bahia e do Ponto Frio, no ano passado, o grupo GPA fecha suas vendas líquidas em R$ 11,036 bilhões o período de outubro a dezembro de 2010, alta de 47,9% sobre igual trimestre do ano anterior. Cerca de 39% a mais do que o Carrefour, que no mesmo período obteve R$ 7,969 - em vendas líquidas.
Apesar disso, o grupo francês estima começar a ver sinais de recuperação, após o rombo estimado em R$ 550 milhões no Brasil, com o que creditam serem falhas na auditoria das contas no País - feitas pela consultoria Deloitte. A empresa foca sua atenção agora na bandeira Atacadão, que obteve uma alta de 11,9% das vendas das lojas comparáveis no mesmo período e espera ser este o fôlego para os negócios em 2011.
O faturamento global do Carrefour atingiu no ano passado 101,018 bilhões de euros, representando avanço de 2,5% em taxas de câmbio constante e de 5,8% a taxas de câmbio atual. O Brasil foi o terceiro maior mercado do Carrefour, ficando atrás apenas da França (41,878 bilhões de euros) e da Espanha (14,059 bilhões de euros). Porém, o resultado positivo não fez com que o mesmo voltasse ao primeiro lugar no ranking de faturamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), lugar que ocupava em 2009 e perdeu ano passado para o Grupo Pão de Açúcar - que encerrou o ano de 2010 com vendas brutas de R$ 36,140 bilhões, o que representa uma alta de 37,8% no comparativo do calendário.
Sem a operação de Casas Bahia, as vendas brutas aumentaram 26,5%, atingindo R$ 33,165 bilhões. A expectativa para o ano era de um faturamento superior a R$ 33 bilhões - recordou o grupo em nota. O Pão de Açúcar passou a contemplar os números de Casas Bahia, cuja aquisição foi concluída em julho do ano passado, a partir de novembro. Se desconsideradas as operações da companhia adquirida, as vendas líquidas do grupo foram de R$ 8,6 bilhões no quarto trimestre. A varejista informou ainda que o segmento de alimentos foi responsável por vendas líquidas de R$ 6,5 bilhões e brutas de R$ 7,3 bilhões no trimestre passado. "Entre as bandeiras do grupo, os destaques no trimestre foram Assaí e Extra Supermercado, cujas vendas brutas no conceito mesmas lojas cresceram, respectivamente, 15,5% e 18,5%", afirma o Pão de Açúcar em comunicado. A Nova Globex, que passou a concentrar ativos de eletroeletrônicos do Grupo, incluindo os da rede Ponto Frio, Casas Bahia e comércio eletrônico, apurou vendas líquidas de R$ 4,5 bilhões no quarto trimestre. Já no ano elas foram de R$ 10 bilhões.
Preço baixo
Para ganhar clientela e não perder o seu terceiro lugar no ranking da Abras, o Walmart resolveu iniciar a guerra entre preços com a estratégia de adotar novo modelo comercial importado da matriz norte-americana de reduzir em até 20% o preço de 2.000 itens por tempo indeterminado, terminando com as tradicionais promoções semanais. A nova política está presente nos 404 supermercados da rede. Segundo a empresa, a estratégia deve seguir até meados do mês de julho. Já o Extra, do grupo GPA, entrou na briga com o slogan " Preço mais baixo todo o dia" e deve acirrar a disputa. Porém divulgar é uma coisa e cumprir mediante a alta da inflação é outra.
Nessa disputa, o sócio sênior da GS&MD - Gouvêa de Souza, Luis Goes, analisa o cenário varejista ao comentar o panorama atual do mercado, com o pacote de medir para conter o crédito anunciado pelo Banco Central no ano passado, e com a previsão de que o setor alimentício deva ser um dos mais afetados nos próximos meses. "O efeito das medidas serão avaliados com mais profundidade nos próximos três meses. O setor de supermercados deve sentir a inflação no começo do ano, mas deve se estabilizar nos meses seguintes", explicou.
Recuperação judicial
O Carrefour prepara resposta judicial ao rombo de R$ 1,2 bilhão nas contas no Brasil, revelado em dezembro, segundo o jornal Le Figaro. Para o jornal, a companhia estaria ultimando os detalhes para acionar na Justiça a Deloitte, responsável pela auditoria das contas da filial. As informações não foram confirmadas ou negadas pelo grupo, em Paris. Já a Deloitte afirmou não ter sido comunicada de processo. O caso, se for confirmado, oporá o Carrefour a uma das quatro maiores consultorias do mundo.
Veículo: DCI