Sal impede certificação em 90% dos produtos

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Empresas buscam selo de "saudável", mas teor de sódio é alto

 

Todo ano, de 100 a 150 produtos tentam conseguir o selo da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), que atesta que o alimento ou bebida é saudável para pessoas com problemas cardíacos. Mas, desse total, só 10% conseguem ser classificados. "A maior barreira para certificação dos produtos é o nível alto de sódio", diz o cardiologista Dikran Armanadejan, diretor da SBC e um dos coordenadores do comitê que administra o selo.

 

Hoje, 110 produtos de 34 empresas de alimentos e bebidas têm o selo, válido por 12 meses existente no país há oito anos. O primeiro passo no processo para tentar a certificação é enviar a composição do alimento ou bebida para ser analisada pela SBC. Nessa lista contam todos os ingredientes dos produtos e suas quantidades. Nessa hora, é feita a primeira triagem pela SBC. "A maior parte dos aspirantes já não passa nessa primeira fase por conta, principalmente, do nível de sódio no produto", afirma Armanadejan. Por isso, o número de produtos com selo tem se mantido estável nos últimos anos.

 

Se o produto é barrado pela SBC, a própria sociedade elabora um relatório para o fabricante sugerindo reformulação na fórmula do item. "Mas não é grande o número de empresas que fazem essa reformulação. É muito raro acontecer", diz o cardiologista. Depois dessa fase, o alimento ou bebida é levado para um laboratório onde a sua composição é comprovada. Só então ele recebe o selo. Não há um preço fixo para a certificação. O valor é uma percentagem negociada com o fabricante sobre o faturamento mensal do produto.

 

Na indústria de alimentos e bebidas, sódio e outros sais são usados como conservantes e realçadores de sabor. "O brasileiro é acostumado com alimentos muito salgados, o que não é saudável", diz o médico. Por isso, há seis meses, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 24, determinando, entre outras coisas, que alimentos com alto teor de sódio (400 mg ou mais por 100 gramas ou 100 ml) teriam que informar essa característica na propaganda do produto. Mas a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia) conseguiu na Justiça barrar a medida por meio de duas liminares.

 

De acordo com a Abia, "alimentos e bebidas não alcoólicas não constam da lista de produtos sujeitos a advertências definida pelo parágrafo 4º do artigo 220 da Constituição Federal".

 

Polêmicas à parte, as empresas com produtos aprovados pela SBC comemoram os resultados. "O selo é um diferencial em um mercado muito comoditizado", diz Marcelo Monteiro, diretor-presidente da Norsal, fabricante do sal Lebre Light. O produto recebeu o selo na época de seu lançamento, há quatro anos e suas vendas crescem em média 12% ao ano em volume. As vendas de sal comum, segundo Monteiro, estão estagnadas.

 

Alem Guerra, diretor de marketing da Vinícola Aurora, cujo suco de uva integral é certificado, diz que o selo é um grande impulsionador de vendas. "É difícil dar um percentual porque o mercado de sucos está em ascensão, mas com certeza o selo atrai novos consumidores", diz. "O selo é uma chancela de qualidade para nosso produto", acrescenta Rita Bassi, diretora-geral da Gallo Brasil, que acaba de ter seu azeite certificado pela SBC.

 

Veículo: Valor Econômico


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