Para crescer mais, setor de biscoitos terá que sofisticar a produção

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Poucos mercados no Brasil são tão grandes e maduros como o de biscoitos. Com 1,242 milhão de toneladas produzidas no ano passado, a categoria é considerada uma das maiores em volume no setor de alimentos. Em valores, as vendas de biscoito chegaram a R$ 6,47 bilhões em 2010 - uma representatividade que, dentre os bens não duráveis, só perde para o mercado de cervejas. Mas apesar de seu tamanho, o segmento de biscoitos tem apresentado taxas de crescimento modestas. De acordo com a Associação Nacional das Indústrias de Biscoitos (Anib), as vendas em volume cresceram apenas 3% em 2010 e 6,5% em valor, na comparação com 2009.

 


Essas taxas têm explicação: no Brasil, conforme dados de mercado, 99 de cada 100 lares consomem biscoitos regularmente, independente de classe social ou região do país. Em um mercado tão maduro quanto esse, como conseguir percentuais melhores de crescimento?

 


"Ninguém vai comer mais biscoito do que já consome", diz Rodrigo Peçanha, gerente de marketing de biscoitos e panificados da Arcor, dona das marcas Triunfo e Aymoré. "A categoria tem agora que se reinventar", acrescenta ele.

 


Essa "reinvenção" tem a ver com a melhora do sortimento de produtos disponível para o consumidor, segundo Andre Barros, gerente de marketing da Garoto, que está lançando agora sua linha de biscoitos. "O mercado brasileiro ficou muito tempo concentrado nas versões mais simples, como os 'cream crackers', as bolachas 'maizena' e as 'maria'. Por isso ainda há muita alternativa de desenvolvimento a ser explorada", diz ele.

 

Prova disso são os números de desenvolvimento do mercado em 2010, auferidos pela Nielsen. Biscoitos mais simples, como os de água e sal tiveram queda em volume de 2,7%. As bolachas doces sem recheio (tipo "maria" e "maizena") venderam 2,3% menos. Produtos um pouco mais sofisticados como "cookies" (biscoitos com gotas de chocolate, por exemplo), tiveram alta de 29,3% em volume. "Foi por isso que tivemos um percentual maior de vendas em valor do que em volume", diz José dos Santos dos Reis, presidente do Sindicato da Indústria de Massas Alimentícias e Biscoitos do Estado de São Paulo (Simabesp) e vice-presidente da Anib.

 


"O consumidor tem procurado novidades", diz Peçanha, da Arcor. Por essa razão, demanda por biscoitos importados têm crescido na rede de supermercados Pão de Açúcar. Segundo dados fornecidos pela empresa, as vendas, em volume, de biscoitos importados cresceram 40% - a alta dos nacionais foi de 8%.

 


É com foco nesse consumidor que quer produtos mais elaborados que a Garoto está lançando sua linha de biscoitos. "Em quanto a categoria vem tendo crescimento vegetativo ano a ano, os biscoitos da Nestlé que levam marcas de chocolate, como Prestígio, Galak, e Classic, venderam 23% mais entre 2007 e 2010", diz Barros, se referindo à empresa suíça, controladora da Garoto.

 

Outra aposta da indústria nessa tentativa de vender produtos mais elaborados são os biscoitos com apelo relacionado à saúde. São, por exemplo, bolachas com menor nível de sódio; biscoitos enriquecidos com ferro, vitaminas ou fibras; com menos gordura e também adicionados de grãos naturais como aveia e linhaça. "Agregar funcionalidades é uma tendência mundial que a indústria no Brasil também deve apostar com mais força em 2011", diz Peçanha.

 


Veículo: Valor Econômico


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