Múltis já negociam novos preços no Brasil

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Fabricantes de alimentos propõem reajustes entre 1% e 1,5% a duas grandes redes de supermercados

 

É pouco provável que o Brasil consiga passar ileso às mudanças na política de preços que começam a ser definidas pelos grupos multinacionais de bens de consumo. Em dezembro e janeiro, as subsidiárias de alguns desses grupos sondaram três das maiores redes varejistas do país para tratar de reajustes nas tabelas.

 

As companhias precisam recuperar a rentabilidade perdida em 2010, basicamente em mercados maduros e em crise, e analistas estrangeiros questionavam, na semana passada, se esse movimento de alta poderia começar nas economias emergentes.

 

Três grandes cadeias de supermercados informam que fabricantes de alimentos querem aumentos e, em duas delas, os reajustes variam de 1% a 1,5%.

 

Nestlé, Danone e Unilever estão nesse grupo de companhias que estudam aumentos. Procuradas, elas não se manifestaram. "Eles vêm com 50 mil argumentos dentro da manga. Já falamos que não dá e decidimos que não iremos apresentar um prazo para voltar a colocar o assunto na agenda", diz o diretor comercial de uma rede varejista.

 

Em um desses encontros, na sede de uma das redes, em São Paulo, uma fabricante sugeriu alterações no pacote de descontos negociado. Os descontos exigidos pelos varejistas servem para cobrir, por exemplo, gastos para promover os produtos em folhetos e encartes. Esse desconto, que nessa rede específica é de 15% para alimentos, seria reduzido de dois a três pontos percentuais por período determinado para alguns itens. "É inadmissível. Não temos que pagar essa conta", afirmou ao Valor um diretor que esteve na reunião.

 

As fabricantes também estão buscando saídas alternativas aos reajustes - no exterior e no Brasil. É que já está mais claro para as empresas que não será muito fácil falar em reajustes. A razão é a invasão de novas marcas e produtos nos mercados emergentes, onde foi intensificada a competição entre as empresas de consumo nos últimos anos. A concentração do varejo local também atrapalha. "O mercado brasileiro continua a crescer muito, mas ele permanece altamente competitivo", admite a Unilever em relatório aos investidores na semana passada.

 

Além da Unilever, empresas como Colgate, Carlsberg, Electrolux e Whirlpool informaram nos últimos dias que planejam aumentos de preços em vários mercados pelo mundo por conta do alto custo de insumos como soja, milho, trigo e minério de ferro.

 

As alternativas aos reajustes se concentram em três áreas principais: acelerar o processo de lançamento de itens de maior valor agregado (e margens mais gordas), interrupção de guerras de preços travadas com marcas concorrentes e a saída de mercados pouco rentáveis.

 

Unilever e P&G (esta ampliou em 30% o volume de inovações em 2010), informaram na semana passada que vão lançar novas marcas em diferentes mercados e a expectativa dos analistas é de que, no Brasil, isso ocorra nos segmentos de higiene e beleza, que têm crescido a uma velocidade maior que o mercado de alimentos, por exemplo.

 

Outra empresa, a Kimberly-Clark desistiu de atuar no segmento de papel higiênico folha simples porque "não vale mais a pena", disse dias atrás o presidente da companhia no Brasil, João Damato. Ele não informou se essa era uma medida para proteger margem e, logo, evitar futuros reajustes, mas disse que a companhia no país teve de "tirar da própria margem" os aumentos de custos com insumos em 2010.

 

"Não conseguimos repassar tudo ao consumidor. Nem dá, pois algumas matérias-primas subiram mais de 60%", disse Damato. A Cadbury informou neste mês que vai reduzir em 14% o tamanho do chocolate Dairy Milk por "razões econômicas". Ele não é vendido no Brasil.

 


Veículo: Valor Econômico


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