Experimente ir a um bom bar, lanchonte ou restaurante. A chance de o garçom trazer um vidrinho de Tabasco quando o pedido for pimenta é bem grande. Não é por acaso. A americana McIlhenny, fabricante da Tabasco, e sua importadora e distribuidora no Brasil, a Aurora Bebidas e Alimentos Finos elegeram o canal food service como foco principal de sua estratégia para crescer no Brasil. E pelo que indicam os números, a escolha foi acertada: as vendas cresceram 39% de 2009 para 2010, segundo Stephen Romero, vice-presidente de vendas internacionais da McIlhenny, fabricante da Tabasco.
O percentual - além de ser quatro vezes maior que a média do mercado brasileiro - foi o maior registrado pela empresa nos 165 países em que atua. "Chegamos a dois milhões de frascos, uma quantidade que nunca tínhamos atingido desde que chegamos ao país, em 1975", diz Romero.
O mercado de molhos e pimentas, no Brasil, cresceu 8,3% em volume no ano passado, segundo a Nielsen, atingindo 61,8 milhões de quilos ou R$ 811,8 milhões. Mas as pimentas Tabasco vêm crescendo acima do mercado desde 2005, quando a estratégia de foco no food service foi adotada. Nos últimos cinco anos, as vendas da pimenta quase triplicaram no país.
"Quando o consumidor vai a uma pizzaria e na mesa há uma Tabasco, ele experimenta colocar pimenta na pizza, coisa que antes nunca havia pensado. Aí conseguimos criar uma nova ocasião de consumo para nosso produto", diz Romero. Atualmente, o canal food service responde 40% do faturamento da marca no país e o varejo, por 60%. Nos Estados Unidos, o food service responde por 48% das vendas e o varejo, por 52%
Com esse perfil, o Brasil é hoje o segundo maior mercado de Tabasco na América Latina, só perdendo, claro, para o México. Com os dois milhões de frascos vendidos em 2010, o Brasil passou de 13º maior marcado consumidor da marca no Mundo para 11º. A empresa, com sede na ilha de Avery, Louisiana (EUA), vende anualmente 100 milhões de vidrinhos de 60 ml de um de seus cinco tipos de pimentas - todas envelhecidas por três anos em barris de carvalho.
Mas seus maiores mercados não cresceram tanto quanto o brasileiro. Nos Estados Unidos, maior consumidor da famosa pimenta, as vendas cresceram em volume 7% em 2010, mesma taxa do México.
Criada em 1868 por Edmund McIlheny, um banqueiro americano que ganhou sementes de pimenta e as plantou despretenciosamente, a McIlheny permanece desde então como uma empresa familiar. Seu presidente é hoje Paul McIlheny, bisneto do fundador. "A família permanece no comando, mas toda estrutura da empresa é profissionalizada", diz Romero. "Recebemos muito assédio de outras companhias que querem nos comprar, mas os McIlheny não querem fazer negócio", acrescenta. Afinal, segundo ele, é a tradição da pimenta feita em Louisiana que dá à marca Tabasco todo seu charme.
Veículo: Valor Econômico