Indústrias de alimentos vão para o campo em busca de parcerias

Leia em 4min 40s

Objetivo é investir em novas variedades, obter melhores produtos e que atendam ao mercado

 

Empresas investem em centros de pesquisa para ajudar agricultores a desenvolver produtos com maior qualidade

 

Qualidade do produto, custos e adequação da matéria-prima às necessidades da empresa têm levado cada vez mais as indústrias de alimentos para o campo.

 

Nessa lista entram indústrias que utilizam batata, milho, trigo, pipoca, ervilha, mandioca, mandioquinha e até inhame.

 

Elas não medem esforços para investir em novas variedades agrícolas, que serão destinadas aos produtores com os quais mantêm parcerias.

 

Um desses casos é o da Pepsico, uma das grandes indústrias mundiais de alimentos. Apesar de o objetivo final da empresa ser a produção de alimentos industrializados, os investimentos em pesquisas agrícolas somam US$ 20 milhões por ano.

 

Além desses investimentos na busca de novas variedades agrícolas, a empresa gasta um volume ainda maior de recursos em fomento aos produtores.

 

Só na América do Sul, esses investimentos somam US$ 11 milhões e agregam treinamento, cursos e visitas a campos monitorados por agrônomos.

 

"A marca é o patrimônio da empresa", diz Jorge Tarasuk, vice-presidente de operações da divisão de alimentos da Pepsico América do Sul, ao se referir à necessidade de a indústria fazer um controle dos produtos e, consequentemente, obter segurança alimentar.

 

NOVAS VARIEDADES

 

A Yoki, outra indústria de alimentos, vai na mesma linha da Pepsico.

 

Sem a oferta de produtos de qualidade no mercado interno e dependente de importações, principalmente de milho pipoca, a empresa foi em busca de variedades mais produtivas e específicas para sua linha industrial.

 

A empresa passou a oferecer novos cultivares aos produtores e a produção nacional substitui as importações.

 

Um dos feitos mais recentes da Yoki foi a "nacionalização" da ervilha, produto originalmente importado do Canadá. Embora ainda esteja dependente de compras externas, a Yoki já consegue cultivares adaptáveis a regiões do Rio Grande do Sul.

 

O resultado é que em pouco tempo a empresa deixará de importar esse produto, segundo Gabriel João Cherubini, vice-presidente da Yoki.

 

O executivo não revela quanto a empresa destina a esses investimentos voltados para o campo.

 

CEVADA E CAFÉ

 

Na mesma linha das demais, a AmBev também mantém centros de pesquisa no Sul e desenvolve variedades próprias de semente de cevada. A empresa tem uma área de 75 mil hectares de cevada em parceria com produtores na região Sul.

 

"Essas nossas parcerias mantêm viva a cultura da cevada no Brasil", diz Marcelo Otto, diretor agroindustrial da AmBev.

 

A italiana Illycaffè também teve de ir a campo e orientar os produtores para obter um café específico para o seu "blend".

 

Como metade do café que industrializa na Itália sai do Brasil, a Illy instituiu prêmios para obter um produto de melhor qualidade.

 

Além disso, criou uma "universidade do café" no país e instituiu um clube para produtores trocarem experiências. Tudo isso para dar condições aos cafeicultores de elevar o padrão do café.

 

"Não damos nada de graça para ninguém, apenas pagamos o preço justo pelo produto adquirido", diz Nelson Carvalhaes, sócio-diretor da Porto de Santos Comércio Exportação e Importação Ltda., empresa responsável pelas compras da Illy no Brasil.

 

Para obter um retorno confiável do campo, a Pepsico desenvolve variedades adequadas para os diversos produtos que utiliza, levando em consideração as peculiaridades de cada região.
"O resultado é um produto de melhor qualidade, com uso de menos agroquímicos, custos menores para a empresa e renda maior para os produtores", diz Tarasuk.

 

Com uma demanda grande por batata, aveia, milho, girassol, trigo e óleo de palma para a fabricação de seus produtos, a Pepsico buscou parcerias com empresas que detêm tecnologia no setor agrícola, como a Embrapa, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e a Agropalma.

 

Além disso, utiliza tecnologias das líderes de mercado como Syngenta, Basf, Pionner e Monsanto para o desenvolvimento de variedades de milho e de girassol.

 

A empresa tem centros de pesquisas nos Estados Unidos, no México, na Austrália, na Inglaterra e no Peru.

 

Em alguns desses centros, como o do Peru, a empresa consegue cultivares adaptados ao clima tropical, trazendo novidades para o Brasil.

 

RENTABILIDADE

 

Essas empresas fazem contratos com os produtores, fornecem sementes adequadas e garantem rentabilidade. Na avaliação dos executivos, ganha a indústria -que consegue um produto com origem conhecida e custos menores- e ganham os produtores, cuja rentabilidade é garantida.

 

A presença da AmBev no campo também visa a busca de variedades de maior produtividade e a obtenção de um produto de melhor qualidade. Além disso, a empresa tem garantia de oferta de produto e renda aos produtores, segundo Otto.

 

Em alguns casos, as indústrias já fazem o controle de qualidade na própria lavoura. Alguns produtores da Pepsico, que consome 125 mil toneladas de batata por ano, descascam o produto na hora da colheita, cortam e fritam para ver se a matéria-prima atinge a qualidade exigida pela indústria. (MZ)

 


Veículo: Folha de S.Paulo


Veja também

Novas regras deixam bulas mais claras para usuários

Duzentas e duas bulas de medicamentos comercializados no Brasil já foram adequadas às novas regras e encon...

Veja mais
Nestlé confirma ampliação em Araraquara

Planta da unidade visa aprimorar recebimento de leite por causa da alta da demanda   A multinacional Nestlé...

Veja mais
Orgânicos certificados

A exigência do uso do selo Brasil Orgânico do Ministério da Agricultura para todos os produtos org&ac...

Veja mais
Supermercados investirão R$ 30 mi

Inversões programadas para este ano no Estado são 50% superiores às realizadas em 2010.   O ...

Veja mais
Os reis do pedaço

Pesquisa Nielsen mostra que produtos de quatro empresas mineiras conseguem desbancar líderes nacionais no estado ...

Veja mais
Brasileiro amplia consumo de molho de pimenta

Experimente ir a um bom bar, lanchonte ou restaurante. A chance de o garçom trazer um vidrinho de Tabasco quando ...

Veja mais
PepsiCo revê projeções para baixo

A PepsiCo reduziu ontem suas previsões de crescimento, prevendo concorrência mais acirrada, aumento nos cus...

Veja mais
Ovomaltine

Pode deixar o clipe de embalagem na gaveta. A partir de segunda-feira, os flocos crocantes do Ovomaltine estarão ...

Veja mais
Meias

Alguns poucos modelos de meias esportivas femininas em um cantinho da loja da Mash guardavam um antigo desejo da marca d...

Veja mais