A forte alta do preço do feijão -que o transformou em um dos vilões da inflação em 2010- pode se repetir no segundo semestre deste ano.
Segundo o analista Vlamir Brandalizze, da consultoria Brandalizze, o aumento de preços, que em 2010 começou em setembro, pode até ser antecipado em 2011.
O motivo: problemas climáticos devem reduzir a produção estimada inicialmente, enquanto o consumo continuará crescendo, impulsionado pelo aumento da renda.
Depois do atraso no plantio, devido à seca, agora o excesso de chuvas prejudica a colheita da primeira safra de feijão, que tem perdas de produtividade e de qualidade.
A estimativa de Brandalizze para a primeira safra caiu de 1,25 milhão para 1,07 milhão de toneladas, o que levou a consultoria a também rever a projeção para a safra total de feijão de 2011.
O Brasil deve produzir 3,17 milhões de toneladas, pouco acima da safra anterior (3,15 milhões de toneladas), mas abaixo do consumo nacional, projetado em 3,4 milhões de toneladas.
"O deficit entre produção e consumo deve ser ainda maior neste ano, o que pode antecipar as altas de preço", diz Brandalizze. No ano passado, o consumo ficou em 3,2 milhões de toneladas.
Para suprir a demanda, o país deve importar cerca de 120 mil toneladas de feijão preto da Argentina e os estoques da Conab, de 145 mil toneladas, devem ser usados.
Mesmo assim, o aperto no abastecimento no segundo semestre -período de menor oferta de feijão- é certo, segundo Brandalizze.
A baixa qualidade do feijão que está sendo colhido derruba os preços. A maioria dos negócios sai entre R$ 60 e R$ 65 por saca, abaixo do preço mínimo de R$ 80, segundo a consultoria Brandalizze.
Com a baixa remuneração do feijão, produtores da região Sul e de Minas Gerais devem migrar para o cultivo da segunda safra de milho, que tem preços altos e potencial de exportação.
veículo: Folha de S.Paulo