Brasil se torna o terceiro maior mercado da Nestlé

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Com vendas de US$ 7,2 bilhões no ano passado, País passou a Alemanha na lista dos principais mercados da multinacional suíça

 

O Brasil superou a Alemanha e se tornou o terceiro maior mercado consumidor para a Nestlé, a maior empresa de alimentos no mundo. Dados publicados ontem pela companhia apontam ainda que as vendas no País registraram uma expansão de 21%, crescimento dez vezes superior ao da Europa e o maior entre os dez principais mercados do grupo.

 

Se o ritmo de expansão for mantido, o Brasil deve superar a França, até 2012, para se tornar o segundo maior mercado mundial para a empresa de alimentos com sede na Suíça.

 

Ontem, a Nestlé revelou que conseguiu triplicar seu lucro líquido entre 2009 e 2010, com vendas de US$ 109 bilhões no ano passado. Grande parte do resultado positivo, porém, ocorreu por conta da venda de uma empresa dentro do grupo. Mas, no que se refere às vendas de produtos, grande parte do lucro vem exclusivamente do desempenho nos mercados emergentes. "Em 2010, crescemos a taxas acima do mercado", disse Peter Bulcke, CEO da multinacional.

 

A companhia estima que, em dez anos, quase metade de todas suas vendas ocorrerão em países emergentes e aposta no crescimento dessas economias para manter sua liderança no segmento. Hoje, essa taxa chega a 32% das vendas mundiais. A China, por exemplo, já é a nona maior consumidora. A estimativa da empresa é de que 1 bilhão de novos consumidores entrarão no mercado nesses países emergentes nos próximos 20 anos.

 

Desempenho. As vendas no Brasil estão entre as que mais aumentaram em 2010 na lista dos principais mercados da multinacional, passando de US$ 5,9 bilhões em 2009 para US$ 7,2 bilhões no ano passado. Nesse mesmo período, as vendas na França caíram de US$ 8,3 bilhões para US$ 7,9 bilhões.

 

Deixada para a quarta posição, a Alemanha viu uma redução nas vendas, passando de US$ 6,1 bilhões para US$ 5,4 bilhões. Os Estados Unidos, maior mercado mundial da Nestlé, voltaram a registrar expansão, passando de vendas de US$ 31,8 bilhões em 2009 para US$ 32,2 bilhões.

 

A nova posição brasileira é atingida no momento em que a empresa completa 90 anos no País. Para ganhar mercado, a empresa chegou a reduzir o tamanho das embalagens para o Nordeste, além de adequar o preço ao cliente de renda mais baixa.

 

A expansão brasileira e americana ajudaram a Nestlé a bater até mesmo as expectativas dos analistas de mercado. As vendas totais subiram em 6,2%, com os lucros triplicando em comparação a 2009. No total, os ganhos chegaram a US$ 35,7 bilhões, ante pouco mais de US$ 10 bilhões há dois anos. Mas parte significativa desse lucro veio da venda das ações da Alcon para a Novartis, por US$ 28 bilhões.

 


Alta nos preços das matérias-primas é desafio para o grupo

 

Um dos maiores desafios para a Nestlé continuará sendo a alta nos preços de commodities, como açúcar e trigo. Só o café arábica teve uma alta de 96% em um ano. A empresa já indicou que teve de repassar ao consumidor parte da alta, com uma inflação em seus produtos de 1,6% em 2010. Para 2011, admitiu que voltará a elevar os preços dos produtos finais. Neste ano, a previsão da empresa é de que terá custos adicionais de mais de US$ 3 bilhões por conta da alta nos preços de matérias-primas.

 

Segundo o diretor financeiro da empresa, Jim Singh, a Nestlé compra hoje cerca de US$ 32 bilhões por ano em trigo, cacau, milho e açúcar, entre outras matérias-primas, para fabricar seus produtos. "Haverá aumento de preços neste ano. Mas também olharemos para outras áreas para reduzir custos", alertou.

 

Por isso, a Nestlé indicou não acreditar que sua margem de lucro será afetada em 2011 por conta dessa alta. Outras empresas, como a Kraft Foods, já indicaram que seu balanço deve ser atingido pela inflação nos preços de commodities. Ontem, a União Europeia anunciou a decisão de eliminar, até junho, algumas de suas tarifas de importação sobre o trigo e cereais para frear a alta nos preços de alimentos.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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