Governo quer avaliação sensorial do grão, mas com prazo de até 2 anos
O Ministério da Agricultura deve adiar, pela segunda vez, o início da análise sensorial para avaliação da qualidade do café produzido no país. O novo prazo deve ser estendido por até dois anos.
O primeiro adiamento, por seis meses, foi anunciado em janeiro. Uma portaria será publicada hoje no "Diário Oficial da União" para oficializar a medida, mesmo dia em que passam a valer as outras regras da instrução normativa número 16, que fiscaliza a qualidade do café, como impurezas e umidade.
O adiamento ocorreu por sugestão da própria coordenadoria técnica do ministério diante da pressão da indústria, por achar as regras "subjetivas". A análise sensorial avalia o café, principalmente, pelo sabor e pelo aroma.
Já com relação às outras regras, o café que não se enquadrar nas normas terá a venda proibida. A regra estabelece limites de 5% de umidade e 1% de impurezas (casca, paus, restos de folha) e matérias estranhas (sementes ou farelo de milho).
Isoladamente (por material detectado), o limite de impurezas é 0,1%. Com isso, o governo interrompe um ciclo de 20 anos de autorregulação da indústria de café.
TREINAMENTO
Segundo o coordenador-geral de qualidade vegetal do ministério, Fábio Florêncio Fernandes, o objetivo no prazo de dois anos é treinar todos os 340 classificadores que ficarão responsáveis por analisar o café por aroma, sabor, acidez, entre outros.
No prazo, a intenção é encontrar normas técnicas para a avaliação, além de incluir os classificadores próprios na instrução.
"Após todas as mudanças e discussões, a instrução normativa deve ter seus parâmetros revistos", disse Florêncio Fernandes.
O diretor-executivo da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), Nathan Herszkowic, disse que o setor aguarda "com ansiedade" a portaria que vai alterar o prazo da análise sensorial do café. "Também queremos uma posição sobre os classificadores", disse.
Veículo: Folha de S.Paulo