Operação brasileira decepciona Walmart

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O Walmart se sentiu "decepcionado" com os resultados da filial brasileira do grupo no último ano fiscal, encerrado em 31 de janeiro. Em teleconferência com analistas ontem, para anunciar seu balanço, a maior varejista mundial reclamou que o lucro operacional do Brasil não acompanhou o aumento das vendas no país.

 

Enquanto o lucro operacional da companhia no quarto trimestre fiscal cresceu 7,3% para US$ 8 bilhões, o do Brasil caiu 41,7%, em relação ao mesmo período do exercício anterior.

 

No mundo, as vendas do trimestre cresceram 2,5%, para US$ 115,6 bilhões, enquanto que no Brasil o aumento real foi de 7,8%. A alta nas vendas da filial foi puxada pela abertura de 27 novas lojas no trimestre, período em que se concentrou o número de inaugurações (foram 45 pontos no ano).

 

A alta das despesas, motivada pelas novas lojas no país, também é a responsável pela queda no lucro operacional, segundo a companhia. Por outro lado, as vendas nas mesmas lojas permaneceram estáveis. O tráfego de consumidores caiu 5,2%, embora o tíquete médio tenha crescido 5,5%.

 

Procurada, a filial brasileira do Walmart não atendeu a reportagem até o fechamento desta edição. Há cinco meses, a direção global da varejista trocou o comando da operação no Brasil. O executivo Marcos Samaha, há 12 anos no grupo, foi indicado para substituir o cubano Héctor Núñez, que acabou se desligando da empresa depois de três anos à frente do negócio. Samaha é o primeiro presidente brasileiro na filial e foi responsável pela implantação da nova política de preços do Walmart Brasil, chamada de "preço baixo todo dia" (EDLP, na sigla em inglês), adotada há cerca de 40 dias.

 

A estratégia promete preços sempre baixos para o consumidor, que não encontra mais promoções nas lojas. Para sustentar a política, o Walmart Brasil está aumentando a participação das marcas próprias no mix, com o lançamento de 300 itens este ano, conforme adiantou o Valor.

 

"No longo prazo, esperamos que o EDLP aumente o volume de vendas no Brasil e reduza os custos operacionais, como temos visto no Japão", disse ontem Doug McMillon, principal executivo do Walmart International, durante a teleconferência de resultados. "Durante este período de mudanças, no entanto, esperamos certa pressão sobre as vendas no Brasil."

 

No exercício encerrado em 31 de janeiro, a receita líquida da divisão internacional do Walmart, que representa 26% do grupo, cresceu 12%, para US$ 109,2 bilhões, puxada pelas operações de Brasil, México e China. O valor inclui US$ 4,5 bilhões de benefícios cambiais. Nos Estados Unidos, a receita líquida teve ligeira alta de 0,1%.

 

Segundo McMillon, o crescimento orgânico da divisão passa por "investimentos significativos" no formato de lojas de desconto no México e no Brasil. No país, o grupo tem reforçado a aposta nas lojas de vizinhança Todo Dia, onde existe a maior concentração de marcas próprias.

 

No país, o grupo opera cinco bandeiras e tenta fazer as vendas deslancharem. A rede é a terceira no ranking nacional de supermercados, depois de Pão de Açúcar e Carrefour, que tiveram desempenho superior, com vendas até 13% maiores em 2010.

 

Veículo: Valor Econômico


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