Grande varejista amplia compras na China

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Número dos importadores de produtos chineses aumentou de 16.853 em 2009 para 20.837 em 2010

 

Movidas por um mercado interno aquecido e por preços mais competitivos, o número de empresas brasileiras que compram produtos chineses aumentou de 16.853 em 2009 para 20.837 no ano passado. Na faixa dos maiores importadores, que adquiriram mais de US$ 50 milhões da China, o número saltou de 41 para 72 no mesmo período.

 

Entre os grandes compradores de produtos chineses predominam os fabricantes de eletrodomésticos, eletrônicos e produtos de informática. Esses setores somam 40 empresas na lista dos maiores importadores de produtos "made in China".

 

Em 2010, porém, estrearam na lista dos maiores compradores da China dois varejistas: C&A Modas e Companhia Brasileira de Distribuição, o grupo Pão de Açúcar. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

 

Levando em conta todos os países de origem, o Pão de Açúcar importou em 2009 um total de US$ 149,23 milhões. No ano passado, os desembarques da varejista saltaram para US$ 236,5 milhões. Desse valor, no mínimo US$ 50 milhões vieram da China. A C&A também ampliou significativamente as importações totais no Brasil, que passaram de US$ 74,91 milhões em 2009 para US$ 146,57 milhões no ano passado. Em 2010, um terço dos produtos desembarcados pela C&A no Brasil vieram da China. Procurados, o Pão de Açúcar e a C&A não se manifestaram.

 

Na faixa de importação de produtos com origem na China entre US$ 10 milhões e US$ 50 milhões, mantiveram-se varejistas como Walmart, Lojas Renner e Lojas Riachuelo. Apesar de terem continuado na mesma faixa de valor de importação de produtos chineses em que já estavam em 2009, Walmart e Renner galgaram posições. O Walmart era o sétimo maior importador dentro da faixa em 2009 e passou para o quinto lugar no ano passado. Já a Lojas Renner, que estava na 116ª posição dentro da faixa, subiu para a 56ª no mesmo período.

 

Para José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), a maior participação dos varejistas nas importações é resultado do aumento do consumo das famílias nos últimos anos, principalmente nas classes C e D, e da clara preferência do mercado doméstico pelo produto importado, especialmente o "made in China". "Provavelmente os varejistas aproveitaram a oportunidade de atender o consumo ascendente comprando a preços menores", analisa.

 

A oportunidade de preços melhores não foi aproveitada somente pelos grandes importadores. Na faixa de compradores de produtos chineses em valor de até US$ 1 milhão, o número de empresas aumentou de 14.992 em 2009 para 18.153 no ano passado. Trata-se de um aumento superior a 3 mil empresas. Levando em conta o volume total de empresas que desembarcaram produtos chineses, em todas as faixas de valor, houve um acréscimo de cerca de 4 mil empresas.

 

A elevação, lembra Castro, é considerável se for levado em conta que o total de empresas que importaram, de todas as origens, cresceu de 34.044 para 38.684 no ano passado. Um acréscimo de 4.640 empresas. "Ou seja, a tendência é a empresa entrar no comércio internacional comprando primeiramente da China", observou.

 

Apesar de ter se mantido no ano passado como principal fornecedor do Brasil, os Estados Unidos não conseguiram aumentar com a mesma representatividade o número de importadores brasileiros de seus produtos. Em 2009, um total de 15.492 empresas desembarcaram produtos americanos no Brasil. No ano passado, o volume aumentou para 17.040 empresas. Em 2010, os Estados Unidos foram responsáveis por 14,89% da importação total brasileira. A China ficou em segundo lugar, mas encostada nos americanos, com fatia de 14,09%. A expectativa de especialistas é que a China torne-se a principal fornecedora do Brasil neste ano.

 

Bruno Lavieri, analista da Tendências Consultoria, diz que a grande vantagem da China é a fabricação em larga escala, o que permite oferecer produtos com preço muito mais baixo do que o dos demais países. Isso teria dado ao país asiático mais espaço num ambiente em que naturalmente surgiram novos importadores. "Sem dúvida nenhuma o crescimento de 7,5% do mercado interno e a desvalorização do dólar em relação ao real contribuíram muito para a elevação das importações como um todo", diz Lavieri. "Além disso os países desenvolvidos continuaram com a economia patinando, o que não permitiu um aumento de preços no mercado internacional."

 

A maior penetração dos chineses não deve ser creditada apenas a questões conjunturais. Castro lembra que os pequenos fabricantes chineses possuem muitos incentivos para exportar e tornam-se fornecedores naturais dos pequenos importadores brasileiros, conseguindo atendê-los em volume e tipo de produto. "Para os chineses, um número maior de empresas importando da China significa maior diversificação de setores e presença mais forte no mercado brasileiro."

 

Veículo: Valor Econômico


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