Empresa montou uma linha de produção exclusiva para propelentes
Acreditando no crescimento da demanda pelas embalagens aerossóis, a Liquigás planeja ampliar sua participação no mercado de gases propelentes em 2011. Esses gases, que convivem com os líquidos contidos nas embalagens aerossóis, têm sido foco de investimentos da companhia.
No mês passado, a distribuidora de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) finalizou sua unidade industrial de purificação de propelentes. Com investimentos de R$ 4 milhões, o projeto englobou o desenvolvimento do produto purificado, o Purogas, e a construção de uma área industrial no centro de operações de Mauá, na Grande São Paulo. Com capacidade inicial de 20 mil toneladas por ano, a nova fábrica pode ser expandida para cerca de 50 mil toneladas por ano.
Hoje, a participação da empresa no mercado de propelentes está no patamar de 20%. Diante desses investimentos, a companhia projeta que pode chegar aos 30% de participação ainda neste ano. "O mercado de propelentes no Brasil está em expansão. Há indústrias estrangeiras vindo ao país para atuar no setor de aerossóis. Queremos aproveitar esse interesse", afirmou ao Valor o diretor de GLP Granel da Liquigás, Thomaz Lucchini Coutinho. "Acreditamos, inclusive, que a alta da demanda pode fazer com que realizemos uma expansão nessa unidade", completou.
Para o executivo, a renda e a mudança nos padrões de consumo da população brasileira são os principais fatores que impulsionam o crescimento do mercado de embalagens aerossóis. Além das necessidades medicinais, como a aplicação em crises asmáticas, as embalagens mais práticas (de desodorantes, por exemplo) têm conquistado o consumidor.
Em 2010, foram consumidas no país 702 milhões de unidades de embalagens aerossóis, um avanço de quase 30% frente aos 545 milhões consumidos em 2009. Em 2005, o patamar de consumo estava em 282 milhões de unidades, segundo dados da Associação Brasileira de Aerossóis e Saneantes Domissanitários (Abas). As perspectivas da indústria apontam para 1 bilhão de unidades em 2012.
O potencial deste mercado no Brasil fica maior quando se compara com os resultados dos outros países. Enquanto o consumo per capita de embalagens em aerossóis no Brasil estava na faixa dos 2,8 em 2009, na Argentina estava no patamar de 9, na Alemanha 12 e no Reino Unido era de 14 embalagens por habitante.
Antes da nova fábrica, a Liquigás já atuava no segmento de propelentes fornecendo os gases na forma bruta. Deste modo, o cliente envasador devia filtrá-lo, antes de inserir na sua linha de produção. O novo produto, no entanto, já vem filtrado, livre de impurezas, odor e umidade. "Deste modo, o envasador terá custos industriais menores, pois não precisa mais da unidade de purificação. Foi uma forma que encontramos de diversificação do produto", disse o executivo.
O custo do gás purificado que sai da Liquigás, por outro lado, é de 3% a 5% maior. Segundo Coutinho, esse maior valor agregado do gás interessa à empresa. Em termos de quantidade vendida, o propelente ainda representa pouco dos resultados da companhia - cerca de 1% do faturamento de R$ 3,5 bilhões acumulados no ano passado. Em 2009, o faturamento da empresa somou R$ 3,3 bilhões.
A Liquigás não está sozinha no que tange aos investimentos direcionados a propelentes. Na semana passada, a Ultragaz lançou o demex (dimetil éter), um gás a base de água que é produzido em uma fábrica construída a partir de uma parceria com a GPC Química.
Veículo: Valor Econômico