É com tom de conformismo que Denisson Moura de Freitas, presidente do grupo Komeco, conta suas aventuras ao redor do mundo. "Não gosto de viajar, mas viajo muito por causa da empresa." E não tinha como ser diferente, já que a empresa trabalha basicamente com importação desde que surgiu, em 1991. O que começou apenas com a compra de suportes de mesa, ganhou proporções maiores e se transformou em um grupo com quatro áreas de atuação - condicionadores de ar, aquecedores, pisos e utilidades, o que inclui artigos de decoração e eletroeletrônicos - que deve fechar 2008 com faturamento de R$ 300 milhões, alta de 40% em relação a 2007.
Com tantas atividades, a empresa desenvolveu uma rede de fornecedores internacionais que chega a 26 fabricantes espalhados pelos mais diferentes países como Turquia, Coréia do Sul, Índia e, principalmente, a China, de onde vem 80% dos produtos. No entanto, diante de incertezas internacionais e da concorrência no mercado de condicionadores de ar, a empresa se prepara agora para trazer parte da produção que é feita fora para o Brasil, em Manaus.
Freitas contou que a empresa já negociou com os representantes do governo estadual a instalação da fábrica e que está definindo os últimos detalhes da parceria que será formada para tirar a nova unidade de produção do papel. A idéia do executivo é dividir os custos com uma das empresas que já são parceiras da companhia no mercado internacional. Entre as candidatas estão as chinesas Chigo e Galanz. O projeto, orçado em R$ 10 milhões, seria financiado pela brasileira, que arcaria com 60% dos recursos, e pela parceira, que ficaria com o restante. Segundo Freitas, a parte da brasileira será financiada pela Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam).
A inauguração da fábrica está prevista para julho de 2009, com produção inicial de 5 mil aparelhos de modelo split de baixa potência. Além da marca Komeco - que segundo Freitas é a segunda do mercado de splits, que movimentou pouco mais de 1 milhão de unidades em 2007 -, a unidade de produção deve fabricar as outras marcas do grupo, como Brize, Lótus, Ambient e Maxime. Outro plano da empresa é produzir para outras marcas. Freitas contou que existem negociações com a Semp, que estaria interessada em iniciar a produção de condicionadores de ar. A empresa possui uma parceria com a Toshiba para a produção de eletroeletrônicos, a Semp Toshiba, mas a japonesa possui uma parceria global com a Carrier para a produção de condicionadores. No Brasil, os aparelhos da marca Toshiba são importados pela empresa norte-americana. Procurada, a Semp Toshiba informou que o projeto de iniciar a produção de condicionadores de ar existe, mas não tem previsão de implantação.
Com o início da produção local, o objetivo de Freitas é minimizar os efeitos das oscilações cambiais, que afetam diretamente as empresas importadoras. "Queremos diversificar a produção. Vamos continuar com a importação, mas não seremos mais totalmente dependentes", explicou. Segundo o executivo, além da produção de condicionadores de ar, a empresa pretende iniciar a fabricação de outros produtos em Manaus. Entre vários projetos da empresa, Freitas destacou a possibilidade de produzir uma linha de filtros de água. A fábrica também pode vir a fabricar coifas, que a empresa iniciou a importação este ano.
Hoje, as vendas de condicionadores de ar são responsáveis por 48% das vendas da Komeco. Outros 28% são de aquecedores, 20% de pisos e o 4% da divisão de utilidades.
No ano passado, a empresa comprou uma fábrica de aquecedores solar em São José (SC). Freitas afirmou que a meta é ampliar atual produção, de 500 conjuntos, para 1,5 mil conjuntos mensais.
Crise
A crise no mercado internacional pode ajudar as empresas brasileiras importadoras, segundo Freitas. "Elimina a sensação de que é fácil importar. Assim os pequenos importadores, aventureiros, não conseguem se manter no mercado", disse. O executivo afirmou que o dólar mais caro não devem afetar as margens da empresa este ano. O custo mais alto dos produtos importados serão repassados integralmente, contou.
Para minimizar os efeitos da desvalorização do real, a empresa elevou os estoques ao longo do ano, se preparando para uma possível alta do câmbio, afirmou Freitas. Para 2009, a previsão de crescimento da empresa é de até 40%.
Veículo: Gazeta Mercantil