Menos de uma semana após iniciar um coro de que os fabricantes de celulose precisariam rever suas ofertas do produto, de modo a garantir o reequilíbrio entre a oferta e a demanda mundiais, a indústria brasileira já toma suas primeiras medidas práticas nessa direção. Na quarta-feira, a Suzano anunciou uma redução de pelo menos 30 mil toneladas em sua capacidade de produção. A Aracruz, maior fornecedora de celulose para o mercado internacional, também deve limitar a oferta, por intermédio da antecipação de paradas programadas na unidade de Barra do Riacho (ES) para o final deste ano.
A idéia dessas empresas é promover uma redução imediata nos estoques, na tentativa de evitar novas quedas no preço internacional do insumo utilizado na fabricação de papel. "Essa é uma situação conjuntural, de dois, três ou quatro meses. Apesar disso, o setor permanece muito otimista", disse na semana passada o presidente da Suzano Papel e Celulose, Antônio Maciel, enquanto defendia uma revisão na oferta.
A decisão da Suzano será acompanhada pela Votorantim Celulose e Papel (VCP) e pela Cenibra que, juntas com a Klabin, são as quatro maiores fornecedoras brasileiras de celulose de fibra curta para o mercado externo. "Não há um acerto entre as empresas. O que ocorre é a análise de cada empresa em relação ao mercado", disse o diretor-presidente da Cenibra, Fernando Henrique da Fonseca.
O executivo ressalta, no entanto, que as empresas não devem promover reduções significativas em seus volumes de oferta. "(A redução) seria de, no máximo, 5% da oferta, que é o máximo que os navios permitem", destacou o executivo, lembrando dos acordos logísticos entre as fabricantes brasileiras e empresas responsáveis por transporte de cargas, que inviabilizariam mudanças mais acentuadas no volume negociado.
No caso da Suzano, por exemplo, uma redução de 30 mil toneladas responderia por menos de 2% da celulose de mercado oferecidos pela companhia. Considerando os dados de produção do segundo trimestre de 2008, a decisão da Suzano corresponderia a uma limitação de aproximadamente sete dias de produção.
Apesar do percentual restrito, Fonseca acredita que o movimento proposto pelos fabricantes deve ser suficiente para evitar uma queda mais acentuada nos preços do insumo ao longo dos próximos meses. Para isso, será fundamental que empresas de outras partes do mundo também acompanhem as brasileiras. O que deverá ocorrer, na visão do executivo.
A sino-indonésia Asia Pulp & Paper (APP), uma das maiores fabricantes de papel e celulose do mundo, decidiu reduzir a oferta de duas unidades localizadas na Ásia. Com as paradas, previstas para serem iniciadas ainda este mês, a empresa deverá reduzir a oferta em até 50 mil toneladas.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ