Indústria do setor justifica aumento pela alta de preços do leite, do açúcar e das embalagens
Quando o calor chegar de vez e o consumidor voltar a comprar sorvete com mais freqüência, ele verá que o picolé está 11,31% mais caro do que estava em janeiro. Quem comprar um pote de sorvete no supermercado também vai constatar um reajuste, porém um tanto menor: 6,32% no ano. Essa foi a inflação que o produto registrou desde o início de 2008, revela o Índice de Custo de Vida (ICV)do Consumidor do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Para Cornélia Porto, coordenadora do ICV, a subida de preços do sorvete durante o inverno - quando o consumo do produto é mais baixo - pode ser uma estratégia da indústria para que os consumidores não percebam o aumento. “É comum a indústria reajustar os preços em junho e julho”, diz Cornélia. Ela pondera, entretanto, dizendo que o aumento não tem impacto significativo no bolso do consumidor. “O sorvete consome apenas 0,23% do orçamento do cidadão.”
Eduardo Weisberg, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Sorvetes (Abis), justifica o aumento pelo encarecimento do açúcar e do leite, dois ingredientes do produto. Pelo ICV, esses itens subiram, respectivamente, 4,13% e 4,25% no ano. “O custo das embalagens também aumentou para a nossa indústria”, acrescenta Weisberg.
Porém, o presidente da Abis afirma que ó reajuste informado pelo Dieese corresponde à média. “Temos 10 mil empresas no setor, duas que dominam boa parte do mercado. Mas a maior parte é de micro e pequeno porte”, informa. “Por isso, as variações de preço entre as fabricantes e as sorveterias podem ser enormes, dependendo do mercado e da margem de lucro com que cada uma trabalha.”
Além das empresas que já estão no mercado, Weisberg estima que sejam abertos novos negócios neste verão. “Todo ano, há empresários que aproveitam essa fase para agarrar as oportunidades que o verão traz”, diz. “Eles podem contribuir para equilibrar os preços.”
Anualmente, a indústria produz 900 milhões de litros , incluindo sorvetes de massa, picolés e os chamados “sorvetes soft” (aquele tipo mais mole, que sai direto da máquina). Os picolés representam 20% deste mercado, ou 182 milhões de litros - são 550 milhões de unidades vendidas por ano. O sorvete soft corresponde a 8% do mercado (72 milhões de litros) e os sorvetes de massa por 72% ( 653 milhões de litros).
Em 2007, o faturamento do setor foi de US$ 1,3 bilhão.Para 2008, a Abis estima que as indústrias, ao menos, repitam o crescimento registrado no ano passado, de 18%. “Temos muito espaço para crescer, porque o brasileiro ainda não adquiriu o hábito de tomar sorvete o ano todo”, avalia Weisberg. “O Brasil é apenas o décimo maior produtor de sorvete do mundo.”
INDÚSTRIA
900 milhões de litros de sorvete de todos os tipos (massa, picolé e soft) são
produzidos no Brasil por ano
PERSPECTIVA
“Temos muito espaço para crescer. O brasileiro ainda não adquiriu o hábito de tomar sorvete o ano todo”, (EDUARDO WEISBERG, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS
INDÚSTRIAS DE SORVETE)
Veículo: Jornal da Tarde