De acordo com a ANP, preço médio do litro do combustível ficou em R$ 1,99 na semana passada, ante R$ 1,671 em dezembro de 2010
O consumo aquecido no período de entressafra da cana-de-açúcar fez os preços do etanol hidratado dispararem nos postos de combustíveis do País. Desde o início do ano, o produto já acumula alta de 19% no Estado de São Paulo, principal região produtora.
De acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), na semana terminada em 18 de março o preço médio do litro do combustível no Estado ficou em R$ 1,99, ante R$ 1,671 no mês de dezembro de 2010.
Na média de preços do Brasil, a alta foi de 14,5%. A gasolina segue mais competitiva que o etanol em 25 Estados e no Distrito Federal. Só em Mato Grosso ainda é mais vantajoso encher o tanque de um carro flex com etanol do que com gasolina.
Para não perder dinheiro, basta dividir o preço do etanol pelo da gasolina. Se o resultado for um número acima de 0,70, compensa abastecer com gasolina.
Os preços do etanol só tendem a começar a baixar a partir da segunda quinzena de abril, quando as usinas devem iniciar a moagem da nova safra e a oferta do combustível será maior. É o que tradicionalmente acontece todos os anos.
O cenário hoje, no entanto, é um pouco mais complicado, porque a demanda teve queda considerada tímida diante da alta dos preços na entressafra. Normalmente, o proprietário de carro flex funciona como um regulador desse mercado.
"Havia uma expectativa de forte migração de consumo do etanol para gasolina, mas os preços não influenciaram tanto a demanda", diz o diretor-técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Antonio de Pádua Rodrigues . "O crescimento do poder aquisitivo da população foi tamanho que nem mesmo a perda de competitividade do etanol fez o consumidor optar pela gasolina."
A queda da demanda por etanol no período foi de 26%. No entanto, esperava-se uma redução de 50% como ocorreu na entressafra do ano passado. "O consumidor demorou muito para dar o pulo para a gasolina", diz o presidente do Sindicato dos Postos de Combustíveis do Estado de São Paulo (Sincopetro), José Alberto Paiva Gouveia. Segundo ele, desde a semana passada, porém, as altas no preço do etanol finalmente passaram a apresentar impacto maior na retração da demanda pelo combustível.
Antes da escalada dos preços, os postos da capital paulista vendiam em média 60% de etanol hidratado e 40% de gasolina. "Essa proporção está mudando para 30% de etanol e 70% de gasolina", diz Paiva Gouveia.
Para o presidente do Sincopetro, não há explicação para as recentes altas do etanol. "A explicação dos usineiros é que uma hora faltou chuva e outra hora porque choveu demais. Nós não temos explicação prática nenhuma para isso. A única coisa que a gente vê é o preço do açúcar disparar no mercado internacional, mostrando que vale a pena produzir açúcar em vez de álcool."
Veículo: O Estado de S.Paulo