Segundo o presidente da empresa, esforço de crescimento prevê novas aquisições nessa área
O presidente da BRF - Brasil Foods, Jose Antonio Fay, disse ontem que a empresa está centrando esforços para o crescimento de sua unidade de lácteos, incluindo aquisições de empresas do setor. "Estamos reprojetando esse negócio e temos um plano de crescimento da unidade de três anos, incluindo aquisições. No ano passado, lácteos foi o único negócio da companhia que não apresentou resultado positivo. Já em 2009, teve bom desempenho. O objetivo é tirar a volatilidade que o negócio está trazendo à companhia."
O executivo declarou que as aquisições nesse segmento não seriam de marcas. "Não vemos marcas interessantes no País", afirmou. E ressaltou que o plano de crescimento visa incorporar à unidade de lácteos o que a empresa "tem de bom" no segmento de carnes.
Questionado se essa decisão da empresa seria por conta do movimento dos concorrentes, como a criação da LBR - Lácteos Brasil -, Fay foi enfático. "Não somos seguidores de mercado, temos nossas próprias estratégias. O que houve foi problema de execução de nossos projetos, e agora queremos acertar", declarou. "Somos a única companhia do País que atua nas quatro categorias (leite em pó, queijo, leite UHT e iogurtes), o que nos traz algumas dificuldades e benefícios também", completou.
Fay ainda comentou sobre as aquisições no exterior que a empresa pretende fazer ainda neste ano na área de carnes. "Essas compras seriam na área de processados, tanto de marcas quanto de empresas, principalmente em países emergentes", disse.
Fay afirmou também que, durante o primeiro semestre, a empresa vai sentir a alta dos custos de produção em seus resultados. Segundo ele, este primeiro trimestre já deve ter o reflexo da alta de custos tanto de frango quanto de suínos, no Brasil e no exterior. Além disso, a alta dos custos dos grãos também deve se refletir nos números. "No primeiro trimestre já vamos sentir um pouco a alta nos custos de produção, especialmente pelo aumento dos grãos. Mas o último repique da alta dos grãos será sentido com maior intensidade no segundo trimestre, mesmo com uma boa safra de grãos no País, com grande volume e preços em patamares altos", disse Fay, durante encontro com investidores.
Segundo ele, no primeiro trimestre, a demanda do mercado externo vem apresentando o mesmo desempenho do último trimestre. Já no mercado interno, há também um bom desempenho e perspectivas boas para a demanda no decorrer do ano.
Cade. O executivo também comentou sobre a expectativa para a aprovação, pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), da fusão entre a Perdigão e a Sadia, que deu origem à BRF. Segundo ele, o prazo esperado é até o final do primeiro semestre. "Estamos trabalhando com o prazo divulgado pelo próprio Cade", disse Fay.
Também ontem, o vice-presidente de Finanças e de Relações com Investidores da BRF, Leopoldo Saboya, anunciou, pela primeira vez, o valor total de sinergias após a fusão entre as duas empresas - nos termos restritos já aprovados pelo Cade. Em 2010, o saldo de sinergias somou R$ 74 milhões.
Segundo o executivo, foram capturados R$ 187 milhões basicamente em economias nas áreas de suprimentos, mas foram gastos R$ 64 milhões e descontados R$ 49 milhões em Imposto de Renda e Participações. "O saldo final ficou acima do que esperávamos: de que, ao final do ano, as sinergias seriam neutras", disse o executivo.
Veículo: O Estado de S.Paulo