BRF planeja investimento e vê custos mais altos

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Ao mesmo tempo em que espera uma definição do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre seu futuro, a BRF Brasil Foods planeja investir R$ 1,5 bilhão no país este ano. "É lógico que não vamos colocar em risco [o investimento] antes de saber o parecer do Cade, mas temos que nos planejar", disse José Antônio do Prado Fay, presidente da BR.

 

Fay, que apresentou ontem a analistas o resultado da empresa em 2010, disse que o plano é aplicar os recursos em novos projetos, como unidades de produção, e em ganhos de produtividade, com modernização de fábricas. Esses investimentos garantirão um crescimento de 6% a 7% nos volumes produzidos e de 10% a 12% na receita da empresa nos próximos dois anos, segundo ele.

 

Mas, como deixou claro o executivo, a concretização dos aportes vai depender da decisão do Cade sobre a união entre Perdigão e Sadia, que deu origem à BRF, há dois anos. No momento, segundo Fay, o relator do caso - Carlos Ragazzo - "está refazendo" o relatório da Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae), pois havia "imperfeições que precisavam ser corrigidas". O presidente da BRF não detalhou quais seriam essas imperfeições.

 

O parecer da Seae sobre o caso saiu em junho do ano passado e recomendou o licenciamento das marcas Sadia ou Perdigão, por cinco anos, e a alienação de ativos a elas ligados ou a venda de marcas como Batavo, Doriana, Claybom e Delicata, para que a criação da Brasil Foods seja aprovada. "O relatório não foi tão rígido assim, surpreendeu pela superficialidade", afirmou Fay.

 

Ele acrescentou esperar que uma decisão saia ainda neste semestre, mas disse que sua expectativa se baseia em informações dadas por membros do próprio Cade à imprensa. "Estou otimista. Dentro da maneira como se avalia no Brasil, [a operação] pode ser aprovada 100%",. afirmou.

 

Segundo a BRF, a fusão entre as duas empresas gerou uma saldo de sinergias de R$ 74 milhões ano passado. "As sinergias estão ocorrendo e há uma influência positiva no resultado", disse Fay.

 

Com receita líquida de R$ 22,6 bilhões em 2010, a BRF vendeu R$ 13,5 bilhões no mercado interno - 11% acima de 2009. No mercado externo, as vendas somaram R$ 9,166 bilhões em 2010, alta de 4% sobre o ano anterior.

 

Apesar de mostrar otimismo com a demanda - tanto no mercado interno quanto no externo -, Fay admitiu que o cenário de pressão sobre os grãos deve se manter este ano, o que significa impacto no custo. "Este é um momento de insegurança em relação aos preços de grãos porque os estoques de passagem são baixos", observou. Milho e soja são importantes insumos da ração de aves e suínos.

 

A safra brasileira não preocupa, segundo Fay, apesar do atraso na colheita. "Teremos uma safra brasileira grande, maior do que o previsto". Mas estoques baixos - principalmente devido ao maior consumo na Ásia - e produtividade menor nos EUA geram incertezas.

 

Os custos de grãos já estão pressionados desde o segundo semestre do ano passado, o que levou a BRF a fazer um reajuste médio de 3,6% nos preços de seus produtos nas vendas ao varejo. "Repassamos pouco no decorrer do ano", avaliou Fay. Para ele, o "bom momento de demanda" no Brasil deve permitir "absorção" de alta pelos consumidores, "com algum limite".

 

Além do plano de investir R$ 1,5 bilhão em operações no mercado interno, a BRF também quer investir no exterior. Hoje a empresa tem operação na Europa - a Plus Food -, e foca outra aquisição fora do Brasil. Entre as regiões possíveis estão África, Oriente Médio e América Latina. "Greenfield não é o primeiro approach (...) Com aquisição, ganha-se tempo", argumentou.

 

Segundo Fay, a BRF chegou a avaliar possibilidades na China recentemente, mas as diferenças culturais pesam. "Nunca iríamos para a China sozinhos".

 

Segmento em que a BRF não tem obtido bons resultados, os lácteos são foco de um projeto especial da empresa para os próximos três anos. O planejamento prevê aquisição em refrigerados e melhoria na utilização da capacidade de distribuição, além da alavancagem de outras marcas da companhia que podem ser usadas no segmento de lácteos. "Queremos incorporar aos lácteos a vantagem que temos em carnes", concluiu.

 

Veículo: Valor Econômico


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