P&G vende Pringles por U$ 1,5 bi mais dívidas

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A Procter & Gamble encerrou sua longa tentativa de vender sua divisão da batata frita Pringles ao desmembrá-la como empresa independente para a Diamond Foods, numa transação que envolveu US$ 1,5 bilhão em ações e que marca a saída da Procter & Gamble, a maior empresa mundial de produtos de consumo, do setor de alimentos.

 

A Pringles era a exceção no plantel da P&G de marcas de produtos de higiene e limpeza, entre os quais o xampu Head & Shoulders e o sabão em pó Ariel.

 

Além de pagar US$ 1,5 bilhão em ações aos acionistas da P&G, a Diamond vai assumir na transação US$ 850 milhões em dívidas da Pringles. Prevê-se que o negócio será concluído até o fim de 2011, mas ele está sujeito à aprovação pelas autoridades antitruste de cinco países.

 

A Procter & Gamble está desistindo do potencial da Pringles em mercados emergentes, explorado apenas parcialmente, a fim de aguçar seu foco nas marcas mais lucrativas de sua atividade principal. Por seu lado, a Diamond informou que a Pringles vai lhe permitir ampliar sua base de produção industrial e sua cadeia de suprimento em âmbito mundial.

 

O negócio vai mais do que triplicar o tamanho da divisão de salgadinhos da Diamond, que vinha se concentrando em vários tipos de nozes e pipoca, e criar uma empresa com vendas anuais de US$ 2,4 bilhões, informou a empresa.

 

As conversações anteriores entre a Diamond e a P&G sobre a Pringles no ano passado foram dadas como esgotadas. Em fevereiro de 2010, a Diamond comprou a batata frita da Kettle Brand por US 615 milhões em dinheiro.

 

Bob McDonald, principal executivo da P&G, comentou: "Este é... um tremendo negócio para os nossos acionistas - que maximiza o valor e minimiza a diluição dos lucros por ação.".

 

As ações da Diamond Foods chegaram a ser negociadas com alta de 7,4% na metade do pregão de ontem de Nova York [fecharam com aumento de 6,71%]. Os papéis da P&G tinham recuado 0,5% e encerraram o dia com queda de 0,95%.

 

O negócio atribui à Pringles um valor corporativo, incluindo dívidas, de 1,6 vezes as vendas e de 10 vezes os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) previstos para o ano que vem, segundo cálculos do Deutsche Bank.

 

A Pringles registrou vendas de US$ 1,4 bilhão em mais de 140 países no ano passado, mas seus maiores mercados são os Estados Unidos e o Reino Unido.

 

Numa estrutura que vai minimizar os impostos para os acionistas da P&G, a empresa vai criar uma corporação à parte para a divisão Pringles que vai em seguida, na prática, adquirir a Diamond, apesar de a P&G não manter o controle administrativo. Os acionistas da P&G receberão a opção de trocar algumas ações da P&G por papéis da nova corporação, e deverão controlar 57% de seu capital.

 

 

Brasil está no foco da nova gestora

 

 

A Diamond planeja ampliar as vendas da Pringles em mercados em desenvolvimento como Brasil e China, segundo informou a Bloomberg. A companhia espera aumentar a participação das vendas fora dos Estados Unidos em sua receita total para mais de 20% este ano. Em 2009, esse percentual era de 10%. A negociação com a Procter & Gamble (P&G) para aquisição da Pringles, anunciada ontem nos Estados Unidos, pode ajudar a alcançar essa meta.

 

No Brasil, a P&G tem uma parceria com a fabricante de bebidas mineira GlobalBev para distribuição das batatas, importadas dos Estados Unidos. Procurada ontem, a P&G no Brasil não se pronunciou sobre reflexos da transação global na operação de venda do produto no país. A Pringles está presente no varejo brasileiro há 16 anos.

 

Em 2008, a P&G começou a introduzir novos formatos de embalagens para o produto no país, além da tradicional lata de 139 gramas. A concorrência vem aumentando e hoje há várias marcas - até marcas de redes de supermercados, que seguem a fórmula da Pringles - um purê de batatas que, depois de frito, é cortado em fatias finas.

 

Veículo: Valor Econômico


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