Quantidade colocada no mercado de forma irregular chega a 30% da produção.
O volume de leite não inspecionado disponibilizado no mercado de Minas Gerais e no restante dos estados ainda é considerado alto pelo presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Associação Leite Brasil), Jorge Rubez. De acordo com Rubez, cerca de 30% da produção de leite ainda são consumidos sem passar por inspeções, o que gera prejuízo para as indústrias regulamentadas e para a saúde do consumidor. A parcela também se aplica em Minas Gerais que é o principal produtor de leite do país, respondendo por 26% do volume total.
Para que a quantidade de leite irregular seja reduzida, Rubez acredita que a fiscalização por parte do governo deverá ser mais rigorosa. Além disso, é preciso que a cadeia produtora invista mais em publicidade para orientar os consumidores sobre os riscos de adquirir produtos que não passam por testes de qualidade.
"O problema do leite informal é crônico e sempre vai existir caso as fiscalizações dos governos não sejam mais rigorosas. Os empresários do setor também precisam investir para inibir o consumo destes produtos. Através da maior divulgação e orientação dos consumidores é possível conscientizar a população sobre a importância de não comprar e ainda denunciar os vendedores irregulares", disse Rubez.
De acordo com a Pesquisa Trimestral do Leite, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), o volume de leite recebido pelos estabelecimentos sob inspeção federal em 2010 cresceu 7% em relação a 2009, totalizando 20,966 bilhões de litros.
O valor é expressivo se comparado com os resultados observados na variação do volume entre 2008 e 2009, quando a percentual foi de 1,6%. Segundo Rubez, o índice alcançado em 2010 é um incremento significativo do volume de leite inspecionado.
"Infelizmente, cerca de 30% da produção de leite do país ainda são consumidos sem inspeção federal. O leite sem tratamento térmico e os produtos que não passam pelo controle da indústria e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) podem trazer riscos à saúde da população", alertou.
Captação - De acordo com o IBGE, desde 1997, quando a Pesquisa Trimestral do Leite começou a ser realizada, a aquisição de leite inspecionado vem aumentando ano a ano. Minas Gerais foi o principal Estado em aquisição de leite, com 26% do total captado nacionalmente. Rio Grande do Sul vem na segunda posição, adquirindo 14,3%.
A pesquisa também avaliou a cadeia leiteira no Estado durante o último trimestre. No período, as aquisições e industrializações de leite em Minas Gerais apresentaram queda em relação ao último trimestre de 2009. A quantidade de leite cru adquirida pelas indústrias, resfriado ou não, encerrou o período com redução de 5,1%. O volume foi de 1,456 bilhão de litros. No mesmo período de 2009 o montante chegou a 1,534 bilhão de litros.
Em relação ao volume do produto industrializado foi registrada queda de 5,4%. Ao todo foram processados 1,441 bilhão de litros. No mesmo período de 2009 o volume industrializado chegou a 1,524 bilhão.
De acordo com Rubez, o leite sem inspeção sanitária é vendido diretamente ao consumidor, em garrafas de plástico ou em derivados como o queijo. Através da comercialização direta, os produtores deixam de realizar as vendas através das cooperativas e laticínios regularizados e conseguem margem de lucro maior. Por isso mesmo, nos grandes estados produtores, como Minas Gerais e São Paulo, é difícil efetuar um controle eficiente.
Veículo: Diário do Comércio - MG