O abastecimento da cidade de São Paulo exige cada vez mais operações em centros de logística, que recebem a atenção crescente de grandes incorporadoras.
O desafio de abastecer a gigantesca demanda de mercadorias do comércio de São Paulo está aumentando os investimentos em centros de distribuição logísticos de alta qualidade no entorno da região metropolitana e levando incorporadoras a aumentar o interesse por esse segmento.
"Você já pensou na complexidade de levar um copo de água mineral a um ponto comercial de Manhattan, em Nova York? A dificuldade para fazer a distribuição em São Paulo é igual" diz Rodrigo Demeterco, diretor geral da Capital Realty, empresa imobiliária do segmento de infraestrutura logística e varejo originária do Sul do País, enfatizando a crescente dificuldade de entrada de produtos em São Paulo e outras capitais brasileiras.
A valorização do preço dos terrenos no município de São Paulo, as restrições ao trânsito de caminhões, o custo alto das entregas noturnas e a mudança de perfil de muitos bairros exigiram soluções logísticas novas, entre as quais os centros de distribuição multiuso, localizados fora da cidade ou da região metropolitana.
Para o diretor da GR Properties, incorporadora especializada no segmento de distribuição, Guilherme Rossi, "os grandes galpões para armazenagem e indústria foram expulsos de São Paulo". A busca para quem precisa desses espaços se deslocou para o entorno da área metropolitana – terrenos situados dentro de um raio de 100 quilômetros da capital. "Há uma grande procura por áreas menos valorizadas, com boa infraestrutura, disponibilidade de mão de obra e acesso rodoviário e ferroviário", afirma ele. "Nossa tarefa é transformar o terreno em um negócio."
A GR Properties, que começou a operar no início de 2008, lançou em 2009 um condomínio industrial em Jundiaí (investimento de R$ 65 milhões), está construindo outro em Campinas (investimento de R$ 45 milhões) e vai lançar mais um no interior do estado no segundo semestre.
Inquilinos – Segundo Demeterco, da Capital Realty, a construção de centros de distribuição de uso dividido entre os inquilinos se acelerou nos últimos dois anos, com a valorização do preço do metro quadrado na capital de São Paulo. "Está ocorrendo um crescimento imobiliário intenso. O uso do terreno mudou. "
Para o corretor de imóveis Sidney Augusto Pereira, dono da Alpha Brokers Imóveis, de Alphaville Barueri, nem se fala mais em galpões industriais, só em centros logísticos. Segundo o corretor, os segmentos que mais procuram espaços para armazenagem no entorno da cidade são de insumos industriais, telecomunicações, farmacêutico e de informática.
Para Guilherme Rossi, da GR Properties, o maior cliente do centro de distribuição, hoje, é o operador logístico. "Não existe mais a indústria que armazena produtos no terreno ao lado. Quem distribui é o operador logístico, que pode usar o mesmo espaço de armazenagem e até o mesmo caminhão para mercadorias diversas", afirma. Outros clientes dos centros de distribuição são os sites de e-commerce.
Para o diretor financeiro da Cyrella Comercial Properties, Dani Ajbeszyc, a importância do segmento de condomínios logísticos no portfólio de negócios da empresa vai crescer nos próximos dois anos. O direcionamento da companhia é para áreas de 5 a 8 mil metros quadrados em locais como regiões urbanas ao redor do Rodoanel. A empresa está finalizando um centro de distribuição de grande porte em Cajamar (200 mil metros quadrados) e mais dois, em Jundiaí e nas proximidades do Rio de Janeiro. Ajbeszyc diz que acontece com São Paulo o que já ocorreu em outros locais do mundo. "Em Nova York e nas grandes cidades europeias, carreta não entra. A necessidade de locais que recebam a carga dos caminhões e a transfiram para veículos menores vai aumentar", diz ele.
Veículo: Diário do Comércio - SP