Produto está sendo vendido abaixo do mínimo de garantia, de R$ 25,80. Negócios estão sendo fechados por R$ 19,20
Produtores de arroz do Rio Grande do Sul, responsável por 74% da produção nacional, vendem o produto por um preço inferior ao mínimo de garantia, de R$ 25,80. A saca de 50 quilos é vendida, conforme participantes do mercado, por R$ 19,20, em média. A perspectiva de uma produção recorde em 2011, estimada em 8,8 milhões de toneladas, e o estoque da safra anterior de 1,2 milhão de toneladas derrubam as cotações.
Lideranças gaúchas estiveram em Brasília na semana passada pedindo ao governo medidas de estímulo à comercialização interna. A oferta de arroz do Mercosul também é fator de pressão. Enquanto o custo de produção por saca é de US$ 15 no Rio Grande do Sul, no Uruguai e na Argentina fica próximo de US$ 11. "Com a queda do dólar, a importação se fortalece", diz o vice-presidente de Mercados Marco Aurélio Tavares, da Federarroz. Além disso, a questão tributária fortalece a importação do produto dos países vizinhos. Tavares diz que em MG o produto vindo do Mercosul não recolhe Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços.
Já sobre o arroz trazido do RS, o imposto é de 12%. "Este ano chegaremos à autossuficiência, o que justifica a determinação de algum tipo de restrição às importações." O consumo brasileiro de arroz é de 12,8 milhões de toneladas e a colheita será de 13,4 milhões de toneladas, conforme a Conab. O Rio Grande do Sul já colheu 86% da safra. O Estado consome 10% do que produz e destina o restante para Sudeste/Centro-Oeste (55%), Norte e Nordeste (25%) e para exportação (10%).
O Ministério da Agricultura realiza leilões de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) para estimular a retirada do cereal da região produtora. No leilão da semana passada, toda a oferta colocada à venda no RS - 100 mil toneladas - foi vendida. O mecanismo permite o escoamento do produto para o exterior, e em março, foram exportadas 120 mil toneladas. "O mecanismo funciona, mas sozinho não sustenta o preço."
Sobre importações
MARCO AURÉLIO TAVARES
VICE-PRESIDENTE DE MERCADOS DA FEDERARROZ
"Este ano chegaremos à autossuficiência na produção de arroz, o que justifica a determinação de algum tipo de restrição às importações."
Veículo: O Estado de São Paulo