Feijão: preço bom em plena crise

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Longe dos mercados especulativos, lei da oferta e da procura ainda vale na lavoura. Cotações estão em alta há um ano

 

Ainda resta uma esperança. Num cenário de commodities em baixa, como soja, milho, trigo e algodão, os agricultores que apostaram no cultivo de feijão irrigado, cuja colheita começa agora e se estende até novembro, esperam preços compensadores e por isso aumentaram a área plantada.

 

Só no sudoeste paulista, na região de Itaberá e Itapeva, a maior produtora de feijão no Estado, a área plantada saltou de 25 mil hectares para 40 mil hectares, um aumento de 60%, diz o agrônomo do Escritório de Desenvolvimento Rural de Itapeva, Vandir Daniel da Silva.

 

Em termos nacionais, a intenção de plantio na safra das águas também reflete a esperança do produtor na leguminosa: a área de feijão da primeira safra, a principal das três que são colhidas ao longo do ano, está estimada entre 1,43 milhão e 1,47 milhão de hectares, o que configura um crescimento de 8,6% e 11,6%, respectivamente, em relação à safra passada, segundo levantamento de outubro da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

 

PREÇO MÍNIMO

 

Ainda segundo a Conab, todos os principais Estados produtores terão aumento da área plantada com feijão, motivados, principalmente, pelos bons preços obtidos com a leguminosa e também pelo reajuste do preço mínimo por parte do governo federal.

 

Feijão não é considerado commodity. Não é exportado. É lavoura tradicional, que ainda respeita a velha lei de mercado, da oferta e da procura. Por isso passou longe da recente especulação que elevou os preços dos grãos de exportação e agora, com a crise econômica mundial e a fuga dos especuladores, derruba os preços para patamares mais próximos da realidade.

 

Como agora praticamente não há feijão novo no mercado - e a dona de casa não gosta e não compra feijão velho -, o tipo extra-novo está cotado, na região de Itapeva, entre R$ 180 e R$ 200 a saca, para um custo de produção, sob pivô central, de R$ 60, conforme cálculos do agrônomo Silva. Um lucro de pelo menos R$ 120 por saca.

 

"O feijão que começa a entrar agora ainda não é suficiente para a demanda", diz o pesquisador do Instituto de Economia Agrícola (IEA-Apta), José Sidnei Gonçalves. "Por isso os preços estão bons e acho que se manterão assim até o fim de novembro, começo de dezembro", calcula. "Tradicionalmente, quem planta feijão no sudoeste paulista planta milho e algodão, que não estão com cotações compensadoras", explica. "Daí a esperança com o feijão, que vem numa seqüência de preços bons desde o meio do ano passado."

 

RISCO DE GEADA

 

"Se a saca ficar acima de R$ 150 durante a colheita ainda é bastante interessante para nós", diz o produtor Jacobus J. H. Derks, que plantou 300 hectares de feijão em junho, entre os municípios de Itapeva e Paranapanema, e começa a colher semana que vem.

 

"Plantamos em pleno inverno, arriscando tomar uma geada, mas com certeza saímos na frente", anima-se Derks, acrescentando que, de todas as lavouras que cultiva por ano (200 hectares de algodão, 250 hectares de milho, 300 hectares de soja e 300 hectares de trigo, além do feijão), a melhor expectativa está com o feijão. "Novembro e dezembro é época boa para colher, porque não tem feijão no mercado."

 

Derks planeja colher em torno de 45 a 50 sacas por hectare, irrigados sob pivô central. Mas o agricultor, que cultiva feijão há 25 anos, alerta: por ser lavoura de ciclo curto - entre 90 e 100 dias após o plantio já é possível colher -, a dose de risco aumenta, e muito, já que não há tempo para corrigir estragos por doenças ou intempéries. "Calculo a taxa de risco no feijão por volta de 30%", diz. "Por isso deve ser uma lavoura com bom rendimento e preço bom, para compensar este risco alto."

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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