Oferecer qualificação e capacitação é uma das estratégias utilizadas para driblar escassez de profissionais.
O aquecimento do mercado de trabalho aliado à falta de mão de obra especializada tem feito com que muitas empresas optem por oferecer qualificação e capacitação internamente, por meio de treinamentos e cursos.
No mercado da moda, por exemplo, devido à escassez de costureiras qualificadas, é comum que confecções dependam de empresas terceirizadas para a realização de partes do processo produtivo. Porém, nem sempre as exigências em relação à qualidade do serviço e à garantia do prazo de entrega são correspondidas.
"A evolução tecnológica do setor, que usa máquinas mais sofisticadas, e o desinteresse da nova geração fazem com que a formação em costura seja desinteressante", afirma a diretora da grife mineira Florença, Fernanda Ferraz. Há um ano, a empresa vem montando uma equipe interna para diminuir a dependência de facções. "Buscamos novos profissionais em cursos profissionalizantes e oferecemos qualificação extra para os que têm boa formação e boa noção de costura. Temos três costureiras que começaram com procedimentos básicos e, hoje, já costuram peças piloto", completa.
A mineira Brasil em Gotas também oferece treinamento para costureiras recém-ingressas no mercado. "Pedimos indicações das alunas destaque nas escolas profissionalizantes e propomos aplicação de teste. Se aprovadas, são submetidas a um treinamento de duas semanas durante as quais avaliamos habilidade e boa vontade das candidatas. A contratação é imediata e a remuneração aumenta de acordo com a evolução e a capacitação profissional", ressalta Elaine Chaves, diretora da grife.
Segundo dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Minas Gerais (Abrasel-MG), garçons e cozinheiros respondem, juntos, por 70% da falta de mão de obra no setor de alimentação fora do lar. A escassez também se espalha principalmente nos cargos de auxiliar de cozinha, copeiros, caixas e serviços gerais.
A dificuldade em encontrar garçons com experiência fez com que a churrascaria Baby Beef optasse por capacitar internamente profissionais inexperientes na função. "Contratamos os candidatos e oferecemos treinamento. O novo funcionário aprende sobre postura e ética, relacionamento com o cliente, manuseio de pratos, corte de carnes etc. Para trabalhar aqui experiência não é fundamental, basta ter disponibilidade e vontade de aprender", comenta Eduardo Borba, diretor da casa em Belo Horizonte.
Desde o início do ano, a Cervejaria Devassa realiza um programa mensal de excelência em atendimento no qual os empregados aprendemá desde a história e abrangência da marca até as regras de segurança alimentar. "Acreditamos que quando o profissional conhece melhor a empresa, se sente mais pertencente a ela, diminuindo a rotatividade, muito comum neste meio", diz a gerente, Marcelle Santana.
De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em 2010 o emprego formal bateu recorde e atingiu 2,5 milhões de vagas. A escassez de mão de obra qualificada levou as empresas a reduzirem o grau de exigência nas contratações e foram admitidos trabalhadores com menor nível de escolaridade. Até quem não sabe ler e escrever conseguiu emprego formal, revelou um estudo da MCM Consultores, feito com base nos dados do Caged.
Veículo: Diário do Comércio - MG