Bunge estreia em molho de tomate

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A americana Bunge, fabricante da margarina Delícia, está entrando no mercado de atomatados para aumentar sua presença no varejo. A empresa fez um acordo de produção com a Siol, dona da marca Saúde, para produção de molhos e extrato de tomate em sua fábrica de Rio Verde, em Goiás.

 

"Há três maneiras de entrar em uma categoria nova: comprando um fabricante, produzindo o novo item em instalações próprias ou por meio de terceirização", diz Sérgio Mobaier, diretor de marketing da Bunge. "Escolhemos um modelo próprio, que não é uma terceirização simples", diz.

 

Desde o ano passado, a Bunge tem sido apontada pelo mercado como interessada na compra de empresas do setor de atomatados. Conforme o Valor apurou, a empresa está em negociação com a Hypermarcas, para compra da divisão Etti, de atomatados. "Estamos abertos para analisar todas as boas oportunidades do mercado na categoria. Mas não estamos no momento em conversas com nenhuma empresa", afirma Mobaier. A Hypermarcas, por sua vez, não comenta o assunto.

 

Em 2010, a Unilever vendeu sua fábrica de molhos e extratos para a Cargill, hoje dona das marcas Pomarola e Elefante, por R$ 600 milhões. Seis meses depois, em março, a americana H.J. Heinz acertou a compra da Quero Alimentos por R$ 1,2 bilhão. "O preço foi tão alto que acabou inflacionando o valor das companhias desse segmento", disse um executivo de uma grande fabricante de molhos ao Valor.

 

No modelo de parceria fechado com a Siol, a Bunge financia e monitora o plantio de tomate de agricultores da região. "Um fator crítico para a produção de um molho de qualidade é a origem do tomate", diz ele. Por isso, além de controlar a produção, a companhia só usará tomates produzidos entre julho e setembro, que são os de melhor qualidade. Depois da colheita, o tomate vai para a fábrica da Siol, onde os molhos são preparados, também sob o controle da Bunge, que se encarrega da distribuição e venda.

 

A linha, que terá a marca Primor (a mesma usada para margarinas), chega às prateleiras em agosto, primeiramente no Nordeste. "Naquela região a marca Primor é mais lembrada pelos consumidores", diz Mobaier. Mas o produto não terá apelo popular. "Será uma linha premium, com preço acima das lideres atuais de mercado, pois é feita com tomates nobres."

 

Mas o que tem o mercado de molhos de tomates que é capaz de atrair grandes multinacionais como a Bunge e Cargill e ao mesmo tempo afastar a Unilever?

 

"A categoria tem um volume enorme. São 400 mil toneladas de produto ao ano, sem contar o setor de food service", diz Mobaier. Esse volume, segundo ele, aumenta a escala da distribuição ao varejo da companhia, que atualmente está no autosserviço com óleos vegetais (marcas Salada e Soya), azeites importados (Andorinha e Cocinero), margarinas (Primor, Cyclus e Delícia) e arroz (Primor).

 

Apesar da escala, muitos empresários do setor de atomatados dizem que as margens de lucro dessa linha de produtos caíram nos últimos anos, devido ao aumento da concorrência. Esse seria o motivo da saída da Unilever do segmento.

 

"Não sei o que consideram margens baixas", diz Mobaier. "Tudo depende do giro que a mercadoria tem", afirma. A Bunge, diz, está entrando no negócio para disputar os primeiros lugares no ranking das mais vendidas. "A Siol não será a única empresa que produzirá para a Bunge", afirma. A Siol não respondeu o pedido de entrevista do Valor até o fechamento da edição.

 

Veículo: Valor Econômico


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