Demanda global por fibra curta pode levar a reajustes

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O mercado de celulose de fibra curta poderá passar por um novo momento de pressão sobre os preços. Essa perspectiva é reflexo do preço ascendente da fibra longa no mundo, pois esta matéria-prima também está com a demanda em alta por ser uma alternativa, de utilização na produção de têxteis e do poliéster, ao algodão, cujos preços estão em patamares elevados desde o início do ano. Essa pressão sobre a fibra curta pode acabar com a perspectiva de equilíbrio entre a oferta e a demanda deve apresentar um descompasso, o que pode elevar o preço da commodity no mercado internacional.

 

Segundo análise do presidente da Suzano Papel e Celulose, Antônio Maciel Neto, a partir de junho a diferença média entre os preços da celulose de fibra longa e a de fibra curta, esta última a mais produzida pelo Brasil, chegará a um patamar de US$ 160 por tonelada, novo pico para esse indicador. Por este motivo, ele afirmou ontem que a perspectiva de estabilidade de preços deve mudar e que a tendência que se mostra para o ano é de novos reajustes.

 

"O que temos visto, mesmo com o estoque mais baixo no mercado internacional, é de que não há aumento de preço da celulose. A relação de preço entre a fibra longa e a curta, porém, está chegando a uma grande diferença, e em junho alcançará um patamar que estimula a migração. Os preços estão estáveis, mas se nada mudar nas próximas semanas é possível um aumento em junho ou julho", afirmou ele.

 

De acordo com Maciel, a relação entre a demanda e oferta está apertada no atual momento, a China apresenta forte crescimento no consumo da commodity, enquanto nos Estados Unidos e na Europa esse crescimento está mais moderado, mas estão em crescimento. E pelo fato de não haver novas grandes fábricas de celulose nem de papel que estejam iniciando operações este ano, a tendência, se houver a substituição da fibra longa para a curta, é de aumento de preços.

 

Dias antes, o presidente da Fibria, maior produtora de celulose de fibra curta do mundo, havia confirmado essa tendência de estabilidade. Mesmo fato apresentado ontem pelo presidente da Suzano, empresa esta que não implementou reajuste no primeiro trimestre deste ano.

 

Na opinião do analista do setor de papel e celulose da Tendências Consultoria, Walter de Vito, o aumento do preço do algodão é o grande vilão pelo fato de pressionar a substituição deste produto por outras alternativas, entre as quais está a celulose de fibra longa. De fevereiro a abril houve um aumento de 5,3%, sem contar o reajuste confirmado para o início de junho, que elevará seu preço para a casa de US$ 1040 por tonelada no mercado europeu.

 

"O recente aumento da fibra longa deve-se à procura de companhias têxteis para a produção de rayon, e petroquímicas para a fabricação de poliéster", indicou de Vito. "Se essa diferença estender-se por muito tempo, a tendência realmente será de aumento da celulose de fibra curta por conta do aumento da demanda por produtores que podem substituir essa matéria prima de valor mais elevado", avaliou o analista.

 

Apesar de apresentar um valor menos elevado, a celulose de fibra curta navega em um patamar elevado. De acordo com o Índice Foex, utilizado como referência pelo mercado, a commodity no mercado europeu está cotada nesta semana a US$ 876,44, uma alta de US$ 27,28 desde os preços verificados no início do ano. Na China, a celulose é comercializada a US$ 764,62 a tonelada, queda de US$ 2,19 ante a semana passada, porém, valor US$ 21,76 mais elevado que em janeiro.

 

Produção

Mesmo sem investimentos em novas unidades, a Suzano registrou um aumento de produção de 19,6% em celulose para 456 mil toneladas e de 11,1% em papel, para 309 mil toneladas na comparação com o primeiro trimestre do ano passado.

 

Foram comercializadas 431,5 mil toneladas de celulose nesse período. Os principais destinos das vendas da Suzano foram Europa (35,2%) e Ásia (34,5%). Já as vendas de papel entre janeiro e março alcançaram 246,2 mil toneladas, sendo que o Brasil, América do Sul e América Central absorveram 78% desse volume.

 

Já os investimentos da empresa somaram R$ 1,8 bilhão nesse período, sendo que o início do projeto do Maranhão, para a produção de 1,5 milhão de toneladas, foi o principal destino dos aportes da empresa, que promete para junho um plano de investimentos.

 

Fibria

A Fibria anunciou a contratação de uma operação de crédito no valor de US$ 800 milhões com um conjunto de onze bancos. Desse total, US$ 500 milhões devem ficar disponíveis nos próximos quatro anos em linhas de crédito rotativo para as operações da empresa e os outros US$ 300 milhões são para pré-pagamento de exportação com prazo de oito anos.

 

Essa linha garantida e a nova Política de Gestão de Endividamento e Liquidez, anunciada na segunda-feira, fazem parte do esforço da Fibria para recuperar a nota grau de investimento.

 

Veículo: DCI


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