Divisão do grupo JBS investe na diversificação e coloca produtos de maior valor no portfólio
A Vigor é uma empresa de 90 anos que ficou conhecida no mercado por sua associação direta com produtos lácteos como leites, iogurtes, queijos, margarinas e achocolatados. São, ao todo, 368 itens de marcas como Vigor, Leco, Danubio, Faixa Azul, Serrabella e Franciscano. Embora a divisão de lácteos da brasileira JBS, gigante global da proteína animal, tenha faturado R$ 1,2 bilhão no ano passado e crescido surpreendentes 35% após uma série de lançamentos e reformulações, seu futuro está mais próximo de uma Sadia que de uma Danone.
“Deixamos de ser uma empresa de lácteos para nos transformar em uma empresa de alimentos. A ideia é que a importância dos lácteos diminua na receita anual, o que não significa que os deixaremos de lado”, afirma Rodnei Guariza, gerente de marketing da divisão de lácteos da Vigor. Por conta disso, a Vigor está investindo em produtos não lácteos, estratégia que fica bem clara durante a Apas 2011, feira dedicada ao setor supermercadista, onde 30 itens como pizza, massa fresca, macarrão instantâneo, sanduíche pronto e atémesmo vinagre balsâmico estão sendo apresentados aos compradores de todo país.
Há duas explicações por trás desta aposta. A primeira está relacionada com a fase de consolidação pela qual está passando a JBS após várias aquisições. O segundo motivo é a busca por aumento de margem, o que é mais fácil de se conquistar a partir de de produtos de valor agregado. “Daqui para a frente, lançamento é só assim”, diz Guariza. Além disso, o desejo da Vigor é fazer com que sua marca deixe de ser sinônimo de café da manhã ou acompanhamento de outras refeições para transformar-se em prato principal.
Embora Guariza negue o desejo de transformar a Vigor em uma BRF, ele admite que a briga será pelos mesmos consumidores. “A diferença entre nós e a BRF é que eles trabalham com produtos congelados, enquanto nós atuamos com itens refrigerados”, diz. A pizza e o hambúrguer da marca, que devem chegar aos supermercados em breve, são resfriadas e duram 40 dias, ao invés da versão congelada dos concorrentes.
Mesmo assim, ele admite que a Vigor passe a brigar, mais claramente, pelos mesmos consumidores da BRF Brasil Foods. Diante desta estratégia de não lácteos, a Vigor deve tirar os lácteos de menor margem de linha, como as margarinas mais baratas, “uma vez que a gôndola não é elástica”, explica Guariza, sem detalhar os nomes dos produtos.
Os investimentos para crescer em não lácteos estão mais concentrados em ações no ponto de venda que em linha de produção. Guariza explica que a sinergia entre as empresas da JBS está funcionando bem e que a terceirização com indústrias de fora é uma prática adotada quando não há linhas similares dentro de casa. Este é o caso do lançamento das massas leves, confeccionadas por um terceiro.
Veículo: Brasil Econômico