Governo força queda nos preços de combustíveis para aliviar inflação

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BR Distribuidora vai antecipar a redução aos revendedores, fazendo a gasolina e o etanol chegarem mais baratos aos postos o quanto antes

 

Apesar da queda já verificada nos preços dos combustíveis, o Palácio do Planalto resolveu forçar uma redução mais rápida e mais acentuada, para amenizar os índices de inflação. O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou ontem que o objetivo é derrubar em até 10% o valor da gasolina. Para isso, o governo usará a BR Distribuidora.

 

A ideia é fazer com que a subsidiária da Petrobrás repasse aos revendedores de combustíveis o produto a preços mais baixos o quanto antes. Como a empresa detém 38,8% do mercado de distribuição nacional, isso poderia contribuir para uma queda generalizada dos preços. Segundo Lobão, a expectativa é que os demais distribuidores acompanhem o movimento da estatal.

 

A rede de postos da BR também pode contribuir para que o governo consiga atingir seu objetivo. A estatal tem cerca de 7 mil unidades espalhadas pelo País - 30,9% do mercado de revenda de combustíveis. Ontem, ao sair de uma audiência no Congresso, Lobão disse que o governo atua para reduzir o preço do combustível entre "6% e 10%".

 

A decisão de acelerar o processo de queda dos preços partiu diretamente da presidente Dilma Rousseff, que tem mantido contatos diários com Lobão para monitorar a situação do mercado. Com o início da moagem da nova safra de cana, os preços do etanol e do álcool anidro - que é misturado à gasolina - começaram a baixar em algumas regiões do País na semana passada.

 

Em São Paulo, os preços caíram em R$ 0,20 para o litro do etanol e entre R$ 0,05 e R$ 0,08 para a gasolina. No interior do Estado, a queda foi ainda maior.

 

Insatisfeita com a demora no reflexo dessa queda nas bombas, Dilma determinou ao ministro de Minas e Energia que apertasse a BR Distribuidora para antecipar o repasse dos preços mais baixos. Para tomar essa decisão a presidente também levou em consideração o efeito que um anúncio de queda dos combustíveis terá sobre as expectativas de inflação, a preocupação mais iminente da equipe econômica neste momento.

 

Em reunião com Lobão, segunda-feira, Dilma avaliou que o governo está ganhando a batalha dos preços dos alimentos e estava na hora de ganhar a guerra dos preços da gasolina "pela simbologia" que o produto tem entre os consumidores. A presidente pediu "pressão aberta, sem movimentos subterrâneos", e mandou o Ministério da Justiça também atuar - o que já foi feito com a ação da Secretaria de Direito Econômico (SDE) sobre a BR Distribuidora.

 

Etanol. A Petrobrás não servirá apenas para resolver os problemas dos preços da gasolina. Na semana passada, o governo resolveu incentivar a estatal a elevar sua participação na produção de etanol para até 15% do mercado em quatro anos. Atualmente, a empresa responde por 5% do total produzido no País.

 

BR e Ipiranga cortam preço de combustível


Postos de São Paulo começaram a receber ontem gasolina com desconto de até R$ 0,08 e etanol com corte de R$ 0,20

 

A Petrobrás reduziu ontem os preços da gasolina e do etanol para os postos revendedores do Estado de São Paulo. O índice foi diferenciado por região e variou de 3% a 9% para a gasolina e de 8% a 20% para o etanol, dependendo da proximidade com os centros de distribuição da BR Distribuidora, da Petrobrás.

 

Como o Estado adiantou na edição de ontem, a redução também foi acompanhada pela distribuidora Ipiranga, mas em menores porcentuais. As duas distribuidoras respondem por mais de 3 mil dos 8,7 mil postos de São Paulo. Na capital, cerca de 40% dos 2,3 mil postos representam as duas bandeiras.

 

De acordo com o presidente do Sindicato dos Revendedores de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), José Alberto Gouveia, na capital os preços caíram em R$ 0,20 para o litro do etanol e entre R$ 0,05 e R$ 0,08 para a gasolina. Os postos da BR e Ipiranga, que até terça-feira pagavam R$ 1,74, passaram a pagar R$ 1,54 pelo etanol, uma queda de 11,4%. No caso da gasolina, os preços caíram de R$ 2,50 para R$ 2,42 (-3,2%) nos postos BR e de R$ 2,50 para R$ 2,46 (-1,6%) nos Ipiranga.

 

No interior de São Paulo, a queda foi maior. Na região de Marília, o preço do etanol para postos BR recuou 19,4%, de R$ 1,80 para R$ 1,45; e o da gasolina 6,3%, de R$ 2,52 para R$ 2,36. "Comprei 10 mil litros de etanol com o novo preço e já repassei a queda para os consumidores", diz Alair Fragoso, dono de um posto em Pompeia e diretor do Sincopetro na região de Marília.

 

Em Araçatuba, os postos das duas bandeiras, que pagavam R$ 2,68 o litro de gasolina, passaram a pagar R$ 2,45, queda de 8,5%. Já o etanol, que era comprado a R$ 1,71, foi adquirido por R$ 1,58 o litro, redução de 7,6%.
"No caso da gasolina, a grande queda anunciada não foi tanta", constata. Na terça-feira, revendedores receberam comunicados por telefone e e-mails anunciando "grande queda de preços" a partir de quarta-feira. Para ele, a redução é tentativa do governo de segurar a inflação.

 

Gouveia diz que a iniciativa veio novamente atrasada. "O governo deveria ter tomado a atitude em dezembro ou janeiro. Poderia ter importado anidro antes para regular preços ou gasolina antes do aumento, mas deixou para resolver na última hora", diz. "Isso ocorre há 13 anos e nada garante que não vá ocorrer no fim de 2011 e de 2012."

 

Dono de seis postos sem bandeira, um empresário que pediu anonimato lembra que o governo deveria regular o mercado com estoque e pressionar as usinas a reduzirem a produção de açúcar para fazer etanol em época de entressafra. "Não há estoque regulador e deram adeus ao acordo de cavalheiros que previa o abastecimento do mercado. O governo empresta recursos do BNDES para fabricar álcool, mas as usinas fabricam açúcar. Neste ano, deixaram de produzir três bilhões de litros de etanol."
Segundo Gouveia, o repasse deve ser sentido na bomba no fim de semana, quando a maioria dos postos terá renovado os estoques. Para ele, a tendência é que outras distribuidoras sigam a BR e a Ipiranga. "Nenhuma distribuidora vai querer perder mercado." No caso das distribuidoras sem bandeira, a queda chegou ao consumidor nos últimos dias. BR e Ipiranga não comentaram a redução e atribuíram a medida à maior oferta e queda de preços de álcool.


Veículo: O Estado de S.Paulo


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