Ultragaz quer mercado verde dominado por Dupont e Akzo

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Ao lançar o propelente Dimetil Éter (DME) no Brasil, além de oferecer ao mercado uma alternativa que atende as exigências ambientais globais na fabricação de aerossóis, a Ultragaz avança em um mercado hoje dominado por Dupont e Akzo Nobel, que importam e vendem o produto no mercado nacional. Há 70 anos comercializando gás liquefeito de petróleo (GLP), a Ultragaz já detém entre 70% a 80% do mercado de aerossóis, que usam como matéria-prima o propano butano, facilmente substituído pelo DME. "Não estamos obrigando ninguém a mudar, apenas oferecendo mais uma opção ao mercado", explica o diretor de Mercado da Ultragaz, Ivan Bonini. De acordo com ele, ainda há produtos que vão continuar a usar o propano butano, como a espuma de barbear, mas há uma vasta gama que poderá adotar o DME.

 

Em parceira com a GPC Química (Grupo Peixoto de Castro), a Ultragaz passou a vender o Dimetil Éter (DME), com 99,99% de pureza e denominado Demexx, em 2011. Segundo o diretor de Mercado, a Ultragaz, em parceria com o Grupo Peixoto de Castro, é a primeira empresa a montar uma fábrica de Dimetil Éter na América Latina para atender a demanda nacional e internacional. "Desde 2008, passamos a estudar a possibilidade de criar uma alternativa ecologicamente amigável que substituísse o propano butano nos aerossóis", afirma o executivo, que disse que em 2010 a planta ficou pronta e o produto foi colocado oficialmente no mercado este ano.

 

"Estamos muito otimistas com o mercado brasileiro, que não para de crescer, e com o nosso produto, que tem um preço bem menor que o similar importado", explica Bonini.

 

As empresas que comercializam aerossóis no Brasil, segundo a Ultragaz, já aderiram à ideia. "Hoje, estamos apenas esperando a avaliação do produto junto às multinacionais que atendemos no Brasil, pois elas mantêm os seus centros de pesquisa fora do País", explica o diretor da Ultragaz. Ele diz ainda que, a partir do momento em que a aprovação chegar ao Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se comprometeu a rapidamente liberar o uso de produtos com o DME, caso os princípios ativos se mantenham inalterados. "A mudança, sob o ponto de vista técnico, é bem simples", diz Bonini.

 

Com um propelente de última geração, é possível substituir solventes por água, o que torna a formulação final do produto mais barata. "A nossa expectativa é que 90% de nossos clientes passem a utilizar o nosso DME", aposta Bonini.

 

O executivo da Ultragaz conta que, no Brasil, a Dupont e a Akzo Nobel já comercializam o DME, só que importado. A DuPont confirma que possui o produto Dymel A, para o mercado de aerossóis. Questionada se tem planos de investir em uma planta no Brasil, a empresa respondeu que não faz comentários sobre unidades fabris, por razões estratégicas. Já a Akzo Nobel, até o fechamento desta edição, não forneceu um posicionamento oficial sobre o assunto.

 

Atualmente. a Ultragaz e a GPC disponibilizam para o mercado 30 mil toneladas do produto, em uma planta localizada na capital do Rio de Janeiro. As empresas já têm espaço para ampliar a planta em mais 30 mil toneladas, o que pode ser feito em um período de seis meses.

 

A Ultragaz tem planos de chegar longe com o seu novo produto. A empresa já está fazendo contato com vários países para mostrar o potencial do DME brasileiro. "Já estamos em franca negociação com empresas do México e do Chile e deveremos visitar em breve a Austrália e a Europa", conta Bonini.

 

No Brasil, eles estão com uma dificuldade específica: terão de fornecer DME para uma grande multinacional que só envasa os seus produtos em aerossol na Argentina. "Mas este é um problema solucionável", afirma ele. A Ultragaz destaca que a decisão da companhia de comercializar dimetil éter foi embasada no crescimento do mercado de aerossóis, especialmente no Brasil e no restante da América Latina. Agora a companhia pretende desenvolver um aerossol com zero de carbono, por isso estuda o DME na cadeia produtiva.

 

O Demexx pode ser usado em múltiplos segmentos, como na categoria personal care, por exemplo, em hair spray, desodorantes pessoais e outros. Na categoria saneantes, seu uso abrange inseticidas, odorizadores e desodorizadores de ambiente, ceras polidoras e limpadores. Outras áreas que com uso do propelente são tintas e vernizes, produtos veterinários, linhas técnicas e automotivas, alimentos, além de usos medicinais e de diversão, entre outros.

 

A parceira da Ultragaz na comercialização do DME no Brasil é a GPC, uma empresa criada em 2008 e formada a partir da incorporação da Prosint (fabricante de metanol) pela Synteko (produtora de resinas termofixas e vernizes). A empresa tem suas unidades no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. "A empresa está dividida em duas unidades de negócios: aMetanol e a Resinas e Vernizes.

 

Veículo: DCI


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