Indústrias de café já negociam repasses de até 20% nos preços

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Custo médio da matéria-prima subiu mais de 80% em 12 meses

 

Depois de passarem os últimos 12 meses com preços praticamente estáveis, as indústrias de café já estão em contato com varejistas para negociar reajustes nos preços do café torrado. Por questões estratégicas, elas não revelam percentuais, mas estimativas do segmento indicam que seria necessário elevar entre 15% e 20% o preço no varejo para que os valores fossem atualizados. Atualmente, na média do mercado paulista, o quilo do café é vendido a R$ 10,60.

 

Dados da Associação Brasileira das Indústrias de Café (Abic) mostram que, no varejo, o valor do café torrado e moído tradicional - produto que representa 94% do mercado - teve um reajuste entre 5% e 6% nos últimos 12 meses. No mesmo período, o indicador Cepea/Esalq para o café arábica subiu 83%, passando da média de R$ 289,46 por saca, em maio do ano passado, para os atuais R$ 530,46.

 

No mercado internacional, a curva foi semelhante. Na bolsa de Nova York, os contratos de segunda posição de entrega do café arábica - geralmente os de maior liquidez - acumulam ganhos de 97,7% nos últimos 12 meses, segundo levantamento do Valor Data. Em Londres, onde é negociado o café robusta, o ganho acumulado no período foi de 92,3%.

 

A demora em repassar os preços ao longo do último ano se deve a um conjunto de fatores. A acirrada concorrência entre as empresas no mercado doméstico e a dificuldade em negociar grandes ajustes com o varejo são os dois principais pontos.

 

"As empresas conseguiram se manter até agora porque tinham estoques que foram formados quando a matéria-prima estava mais barata. Além disso, os preços do café robusta, que tem um peso entre 35% e 40% no produto torrado e moído no varejo, subiram menos que o arábica no mercado interno", observa Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Abic.

 

Sem estoques, as indústrias precisam comprar a matéria-prima nos atuais níveis de preços. A entrada da safra no Brasil, que começou a ser colhida neste mês, seria um ponto favorável às indústrias, mas a queda esperada até agora está aquém das expectativas. Herszkowicz lembra que a safra deste ano é menor que a do ano passado e que os produtores aumentaram as vendas futuras na bolsa, para garantir o bom nível de preço.

 

Dados da BM&FBovespa comprovam o movimento. Na semana passada, 16% das posições de café vendidas na bolsa eram de pessoa físicas. No mesmo período do ano passado, essa participação foi de modestos 4%. "Isso significa que o produtor vai guardar o café agora para entregar no mês de liquidação do contrato e reduzir a oferta agora", afirma Herszkowicz.

 

Veículo: Valor Econômico

 


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