Enquanto o mercado especula uma possível fusão com o Pão de Açúcar, varejista mexe na gestão comercial
Em meio às especulações referentes à fusão com o Grupo Pão de Açúcar, o Carrefour Brasil vem trabalhando na reestruturação interna de sua operação, o que inclui desde a importação de executivos de confiança com atuação fora do país até demissões. Há cerca de 15 dias, Renata Moura, diretora-executiva de Recursos Humanos se demitiu e agora está atuando na incorporadora Cyrela. Na segunda-feira, 68 funcionários da operação comercial foram dispensados, o que inclui de supervisores, gerentes e vendedores que atuavam na estratégia de vendas da matriz, em São Paulo. A informação, divulgada por fontes internas da companhia e fornecedores, não foi confirmada pelo Carrefour, que preferiu não se pronunciar.
As mudanças internas, até o momento, não têm gerado impacto direto nas lojas. A única exceção que não parece estar ligada aos boatos da fusão e nem ao rombo anunciado no ano passado é a unidade Villa Lobos, em São Paulo, que se encontra fechada. Em comunicado, o Carrefour informa que está trabalhando na regularização dos documentos necessários para a reabertura do hipermercado.
Pão de Açúcar
Carrefour e Pão de Açúcar não se pronunciam sobre uma possível união. O Casino agora nega que tenha sido procurado. Entre fornecedores e consultores no Brasil, a grande pergunta refere-se ao futuro da rede de hipermercados Extra.
Se o Pão de Açúcar fechar negócio com o Carrefour, o grupo fica, oficialmente, com duas grandes redes de hipermercados: Extra e Carrefour. A aposta do mercado é que a primeira marca suma e a segunda permaneça, dada a antiga presença dos franceses no Brasil, que abriram a primeira loja Carrefour no país em1974.
Para Silvio Laban, professor de marketing do Insper, é muito cedo para fazer qualquer análise sobre as bandeiras. Antes disso é necessário que o acordo saia e que estudos referentes às regiões, força das marcas em cada praça e número de lojas sejam analisados.
O grande abismo cultural entre Carrefour e Pão de Açúcar também geram dúvidas em relação a uma possível fusão. “São cabeças, procedimentos e negociações completamente diferentes. Não sei como isso seria conduzido e quanto tempo levaria para uma integração. Só sei que perderíamos margem, já que há haveria uma forte concentração de mercado”, afirma um executivo de uma indústria da área de alimentação.
Por outro lado, há quem se posicione a favor do negócio, por considerar o sistema de compras do Pão de Açúcar mais ágil que o do Carrefour. A indústria alimentícia tende a ser a maior afetada em caso de fusão das duas redes.
Veículo: Brasil Econômico