Anvisa monitora casos por meio de rede da OMS

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No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acompanha a contaminação na Europa por meio da rede Infosan, da Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo o órgão, até agora não há nada que indique a necessidade de adoção de medidas especiais.

 

A probabilidade de o surto causado pela bactéria E.coli chegar ao Brasil é pequena, tendo em vista que o consumo de alimentos frescos normalmente é local. É o que diz o infectologista Expedito Luna, da Universidade de São Paulo (USP). "Por enquanto, acho que é pouco provável."

 

Segundo Luna, também é reduzida a possibilidade de que alguém infectado pela bactéria na Europa traga a doença ao Brasil. "Pode acontecer de alguém doente chegar aqui, mas essa pessoa precisaria contaminar os alimentos." Ou seja, na prática, o doente teria de manusear um alimento que seria consumido por outra pessoa.

 

Mesmo restrita à Europa, a contaminação causa prejuízos dentro das fronteiras da União Europeia. Só na Alemanha, o consumo de legumes caiu 90% nas últimas duas semanas, provocando perdas diárias de ? 2 milhões aos produtores rurais.

 

O problema também gera uma crise comercial na Europa. Produtores de pepinos orgânicos de duas propriedades rurais da Espanha chegaram a ser acusados de ser os responsáveis pelo contágio. No entanto, pacientes que não haviam ingerido o alimento importado também apresentaram os sintomas, informação que ampliou o mistério sobre a origem da bactéria.

 

Ontem, a assessora de Agricultura e Pesca do governo espanhol, Clara Aguilera, provou pepinos de uma plantação sem agrotóxicos para provar que não havia risco de contaminação.

 


Bactéria em legumes mata 15 na Alemanha; outros 5 países têm casos

 

Mais de 2 mil pessoas podem estar com infecção gastrointestinal grave e 30 delas estão em estado crítico; autoridades sanitárias da União Europeia alertam que há possibilidade de epidemia no continente


 
Quinze pessoas já morreram na Alemanha, 352 estão contaminadas e mais de 2 mil também podem ter sido infectadas ali e em outros cinco países europeus por uma bactéria que causa infecção gastrointestinal grave, afetando o sangue, os rins e o sistema nervoso.

 

A preocupação com a doença, causada pela bactéria Escherichia coli, a E.coli, foi revelada na semana passada por autoridades alemãs, mas vem aumentando - Suécia, Dinamarca, Bélgica, França e Grã-Bretanha também registraram casos suspeitos. Segundo as autoridades sanitárias da União Europeia, há risco concreto de epidemia na Europa.

 

De acordo com as primeiras investigações, a bactéria é transmitida pela ingestão de legumes crus, em especial o pepino, e hortaliças. Ahrenkilde Hansen, porta-voz da União Europeia, disse que autoridades alemãs identificaram pepinos procedentes das províncias espanholas de Almeria e Málaga como possíveis fontes de contaminação. Um dos lotes era de uma plantação orgânica, que não utiliza pesticidas. Outro lote, exportado pela Holanda ou pela Dinamarca, está sendo investigado pelas autoridades.

 

O temor de que a contaminação aumente e chegue a outros países levou autoridades da Rússia, Bélgica, República Checa e Áustria - além da Alemanha - a adotar um controle rígido dos legumes importados da Espanha.

 

"Dos cerca de 2 mil casos suspeitos de contaminação na Alemanha, 352 foram comprovados", disse Reinhard Burger, diretor do Instituto Robert Koch, especializado em vigilância sanitária. Dentre os pacientes, pelo menos 30 estão em estado crítico. "Novos casos de morte são muito prováveis e não temos razões para suspender os alertas sanitários", acrescentou. A maioria das mortes foi provocada por hemorragias intestinais.

 

Distúrbio. A atual série de contaminações pela E.Coli provoca a síndrome hemolítico-urêmica (SHU), um distúrbio renal cujos sintomas são forte dor abdominal, diarreia sanguinolenta e insuficiência renal aguda. Em casos mais graves, o tratamento pode exigir hemodiálise.

 

As estatísticas verificadas na Alemanha indicam que a onda de contaminações é a mais grave da história do país e uma das mais agudas do mundo.

 

Em situações normais, menos de 60 casos de contaminação pela Escherichia coli são diagnosticados por ano no país. A taxa de mortalidade - mais frequente entre crianças - em geral varia de 3% a 5% dos casos, mas, nas circunstâncias atuais, pode ultrapassar os 10% nos próximos dias, segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças, da Suécia.

 

De acordo com cálculos de Olivier Grieve, pesquisador do Centro Médico da Universidade de Schleswig-Holstein, o número de casos dobrou nos últimos dias, sugerindo uma expansão acelerada da doença.

 

Alerta. O avanço da contaminação na Suécia - onde há o registro de 36 casos suspeitos, o maior número depois da Alemanha - e em outros países europeus fez soar o alerta. Neste fim de semana, o ministro da Saúde da França, Xavier Bertrand, pediu calma à população e sugeriu a abstinência de legumes sob suspeita. O mesmo ocorreu em outros países do continente.

 

PERGUNTAS E RESPOSTAS : Higiene previne contaminação

 

1. Existe mais de um tipo da bactéria?

A E.coli é um dos tipos mais comuns de bactérias. Ela existe não só no intestino humano como no de todos os animais (como bovinos e aves). O índice de coliformes fecais é medido pela quantidade dessa bactéria existente em um líquido, por exemplo. A maior parte dos tipos da bactéria não causa mal à saúde.

2. Por que alguns tipos da bactéria são mais agressivos à saúde?

Quando a bactéria adquire material genético, ela pode se tornar invasiva. Em alguns tipos, ela pode provocar diarreia, vômito e até febre - um quadro de gastroenterite infecciosa. Os tipos mais toxigênicos, como é o caso da E.coli 0157:H7, produzem uma toxina denominada shiga, que pode causar uma doença mais grave, a síndrome hemolítico-urêmica. Ela provoca a destruição das células vermelhas do sangue e o aumento da ureia no sangue, afetando os rins do paciente. Há cólicas abdominais intensas, náuseas e febre. Normalmente, ela é causada por precariedade nas condições de higiene na produção de carne bovina.

3. Como prevenir a contaminação?

O ideal é lavar muito bem os alimentos que serão consumidos crus e também higienizar bem as mãos. Caso viaje para regiões de contaminação, tenha cuidado especial com alimentos crus e malcozidos - evite comê-los.

 


Veículo: O Estado de S.Paulo


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