Alta no algodão encarece o vestuário em até 30%

Leia em 4min

Têxteis repassam parte do custo para roupas de inverno; importações da China crescem 33% entre janeiro e abril

 

Com a alta histórica no preço do algodão, a coleção de roupas Verão 2012, exibida a partir desta semana nas passarelas do Fashion Rio, começa a chegar às lojas em agosto com preços entre 10% e 20% maiores do que os do ano passado.

 

Seis em cada dez peças fabricadas pelas empresas têxteis brasileiras são feitas de algodão ou têm, em maior parte, essa matéria-prima em sua composição.

 

Pressionadas pelo custo do algodão -que chegou a subir 248% no mercado entre 30 de setembro de 2009 a 15 de março deste ano e 48% nos últimos 12 meses-, confecções de pequeno a grande porte do país reajustam os preços pela segunda vez com a nova coleção.

 

Parte delas já havia repassado o custo da matéria-prima para a coleção de inverno. As peças dessa temporada ficaram, em média, 15% a 18% mais caras do que as da mesma coleção em 2010.
"A indústria têxtil repassa somente em parte o custo da matéria-prima e carrega em parte esse custo. A coleção de inverno foi produzida com o algodão no pico de seu custo. E a de verão foi negociada com os preços ainda elevados", diz Aguinaldo Diniz Filho, presidente da Abit, associação que reúne a indústria têxtil e de confecção.

 

Responsável pela coleção da R.Groove, marca que surgiu em 2007 e participa pela quinta vez do Fashion Rio, Rique Gonçalves afirma que, além dos problemas de custo, as grifes também tiveram de enfrentar falta de insumos neste ano.
"A moda verão é feita praticamente 90% de algodão, não há como substituir esse material, como se faz no inverno. Como a demanda estava aquecida, alguns fornecedores atrasaram a entrega. A disputa para conseguir comprar mais lotes de algodão foi maior neste ano", afirma o designer.

 

As peças da R.Groove estão entre 10% e 15% mais caras do que os preços da coleção de verão passada, segundo Gonçalves.
"O setor já enfrenta problemas com impostos elevados, escassez de mão de obra. Essa questão da matéria-prima só empurra as empresas para trazer cada vez mais produtos de fora."

 

Na Cotton de Fadas, da designer Cristina Daher, os preços de algumas peças foram reajustados em até 30%.
"Não tenho como absorver o custo do algodão porque minha produção é pequena."

 

PREOCUPAÇÃO

 

O aumento das importações de produtos têxteis -em sua maior parte da China- é uma das maiores preocupações do setor, segundo a Abit. De janeiro a abril deste ano, as importações cresceram 33%, enquanto as exportações aumentaram 5,8%.
"A previsão de deficit na nossa balança comercial é da ordem de US$ 5 bilhões. Isso mostra enfraquecimento da indústria e nos preocupa", diz o presidente da Abit.

 

Têxteis perdem US$ 60 mi com "barreiras"

 

O setor têxtil brasileiro calcula que as exportações para a Argentina diminuirão 15% neste ano devido às medidas protecionistas adotadas pelo país vizinho.

 

As empresas devem perder US$ 60 milhões caso o governo argentino continue protelando a emissão de licenças não automáticas, avalia o conselheiro da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção) Alfredo Emílio Bonduki.

 

A Argentina é o principal destino das vendas externas do setor brasileiro. No ano passado, o país comprou US$ 400 milhões em mercadorias têxteis do Brasil.

 

As licenças prévias para o setor, que deveriam ser concedidas pelo governo argentino em 60 dias, estão demorando em torno de 150 dias.
O presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis de Blumenau, Ulrich Kuhn, disse que as medidas protecionistas não são "uma novidade" e que, há pelo menos dois anos, a Argentina atrasa os licenciamentos.

 

O conselheiro da Abit afirma que o protecionismo no segmento têxtil vem desde 2005 -ano em que o Brasil começou a perder espaço no mercado argentino devido às barreiras comerciais.

 

Bonduki acredita que o país tenha deixado de exportar para a Argentina US$ 280 milhões por ano desde então. Tanto Bonduki como Kuhn dizem que o problema do atraso na concessão das licenças se acentuou em 2011.

 

Além do setor têxtil, os segmentos de calçados, de máquinas agrícolas, de alimentos e de eletrodomésticos sofrem com a demora na emissão dos documentos.
O conflito comercial entre os dois países se intensificou no início de maio, quando o Brasil colocou empecilhos à importação de automóveis como represália às restrições aos produtos brasileiros impostas pelos argentinos.

 


Veículo: Folha de S.Paulo


Veja também

Embalagem impulsiona alta nas vendas da Novelis e CBA

O segmento de embalagens de alumínio está em franca expansão. A expectativa de fabricantes e da ass...

Veja mais
Diniz mantém conversas com o Carrefour na França

Hoje o conselho fiscal da rede varejista francesa Carrefour tem uma reunião marcada em cuja pauta podem estar as ...

Veja mais
Preço do leite sobe, mas cenário para produtores na entressafra é incerto

A produção de leite entra em um período de entressafra, o que deveria garantir a elevaç&atil...

Veja mais
Walmart comemora crescimento de 166% no sortimento de marca própria

O Walmart comemora neste mês de maio um ano de comercialização da sua linha de marca própria ...

Veja mais
Drogaria Onofre conquista prêmio de Excelência em Serviços ao Cliente

Pelo 4º ano consecutivo a Drogaria Onofre recebe o Prêmio Consumidor Moderno de Excelência em Servi&cce...

Veja mais
Chiclets lança goma de mascar que muda de sabor com campanha da WMcCann

A agência pilotada por Washington Olivetto foi responsável pela comunicação do Chiclets Evolu...

Veja mais
Linha de balas 7Belo Gelatin ganha novas embalagens e mais sabor

    A Arcor apresenta aos consumidores brasileiros as novas embalagens de 7Belo Gelatin, a linha de balas de...

Veja mais
Produção de alho sofre concorrência chinesa

Safra deste ano ficará praticamente estável em relação ao ano passado.   A produ&cce...

Veja mais
Transporte entre filiais é livre de ICMS

Uma locadora de equipamentos para construção civil com filiais em diversos Estados foi obrigada a recorrer...

Veja mais