O conselho de administração do Carrefour SA está programado para se reunir hoje, em meio ao interesse maior sobre o destino de sua subsidiária brasileira, disseram duas pessoas a par do assunto.

 

A reunião ordinária, marcada anteriormente, havia sido colocada no calendário para discussão da assembleia geral ordinária da empresa, em junho.

 

Contudo, as operações brasileiras da varejista francesa podem ser tema de discussão depois de um contato de Abilio Diniz, presidente da Companhia Brasileira de Distribuição, a holding do Grupo Pão de Açúcar, segundo uma das pessoas. Diniz entrou em contato com o Carrefour para explorar potenciais oportunidades de crescimento, disseram várias pessoas a par da situação, o que enfureceu o Groupe Casino, sócio francês do Pão de Açúcar - e arquirrival do Carrefour.

 

O Pão de Açúcar negou a negociação com o Carrefour. Casino e Carrefour se negaram a comentar o assunto.

 

O Casino e Diniz controlam conjuntamente o Grupo Pão de Açúcar há anos, e o Casino pode assumir o controle no ano que vem por um acordo de acionistas. Mas nas últimas semanas Diniz teve conversas com o Carrefour a respeito de várias opções de aliança, entre elas uma troca de ações, disseram as pessoas.

 

As operações brasileiras do Carrefour são avaliadas entre 5 bilhões e 7 bilhões de euros (US$ 7 bilhões a US$ 10 bilhões), segundo pessoas familiarizadas com o assunto e analistas.

 

Segundo uma pessoa a par da questão, Diniz procurou o Carrefour não para se desfazer do acordo com o Casino, mas por causa de preocupações de que o grupo americano Wal-Mart Stores Inc. poderia estar preparando uma oferta pela rede brasileira do Carrefour.

 

O Carrefour, segundo maior varejista do mundo, depois do Wal-Mart, está no meio de uma grande transformação. Nos últimos anos, a rede avaliou várias opções, inclusive a venda de suas operações brasileira e chinesa - mas decidiu permanecer com elas. Os dois mercados geram boa parte do crescimento do Carrefour e ajudam a compensar o fraco crescimento em seu mercado doméstico, na França.

 

A empresa deve desmembrar sua rede de supermercados de desconto Dia numa assembleia geral marcada para 21 de junho, medida que provocou críticas de analistas e sindicatos por privar a empresa de um de seus ativos.

 

Este mês, o Carrefour arquivou indefinidamente planos de também desmembrar parte de sua divisão imobiliária.

 

Veículo: Valor Econômico