Atacadistas faturam R$ 151,2 bi no país e fatias das regiões Sudeste e Nordeste recuam em 2010
Principal fornecedor dos armazéns, mercadinhos de bairro e ambulantes, atacadistas beneficiam-se do aumento do consumo, especialmente no Norte e no Centro-Oeste do país. É o que mostra o ranking de 2010 da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad), realizado pela Nielsen com 412 empresas.
O setor faturou R$ 151,2 bilhões no ano passado, um crescimento real de 8,2% sobre 2009. A fatia da região Norte no total passou de 8,4% para 10,4%, praticamente se igualando à da região Sul (10,6%). O Centro-Oeste aumentou sua parcela no faturamento do setor de 10,2% para 11,3%. Embora continue líder, o Sudeste viu sua participação recuar de 38,9% para 35,7%, assim como o Nordeste, cuja fatia foi de 33,1% para 32,1%.
"Houve um fortalecimento do comércio atacadista, puxado por pequenos supermercados, com até quatro caixas", diz o presidente da Abad, Carlos Eduardo Severini. Segundo ele, é no interior do país que esse tipo de comércio mais tem crescido, o que faz com que a entidade invista em projetos de capacitação desses pequenos varejistas, em parceria com o Sebrae.
O ranking da ABAD divide o mercado atacadista em três categorias: atacado distribuidor (abastece as médias e pequenas redes), atacado balcão (venda no balcão para entrega na loja) e atacado autosserviço (ou "atacarejo", com venda ao transformador e ao consumidor final). Os líderes em cada uma dessas categorias permanecem os mesmos: Martins (MG), Carvalho Atacado (PI) e Makro (SP), respectivamente.
Os maiores destaques em cada ranking estão com os competidores regionais do Norte e Centro-Oeste. Na categoria distribuidor, por exemplo, a JC Distribuição (6ª colocada) cresceu quase 20%, para R$ 710 milhões, e a Rio Vermelho (8ª) faturou 26% mais, para R$ 519 milhões. Ambas são de Goiânia. Na categoria de autosserviço, a Unifrios, do Rio Grande do Norte, praticamente dobrou de faturamento (R$ 113 milhões), enquanto a Fribal Franchising, do Maranhão, cresceu 43% (R$ 88 milhões). Elas ocupam a 12ª e a 15ª posições, respectivamente.
Na opinião de Olegário Araújo, gerente de contas da Nielsen, além do impacto de programas governamentais como o Bolsa Família, o movimento é explicado pela paulatina migração de indústrias para o interior do país. "Há um processo de desconcentração da economia", diz.
Veículo: Valor Econômico