Pagamento da primeira parte do 13° deve acelerar vestuário e eletros

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A perspectiva do adiantamento de 50% do pagamento do 13º salário, a ser pago pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no começo do segundo semestre deste ano, começa a deixar o varejo nacional em polvorosa: afinal, o volume corresponde a uma injeção mínima de R$ 7,982 bilhões na economia do País, se pensarmos que será aplicado ao menos o mesmo valor beneficiado do ano passado. O valor ainda não foi confirmado pelo Ministério da Previdência Social, mas se isso acontecer os brasileiros darão três destinos ao benefício: pagamento de dívidas, compra de roupas para o inverno e de eletroeletrônicos, e poupança, segundo a opinião dos analistas.

 

Para o analista da Federação do Comércio de Bens, de Serviços e de Turismo (Fecomércio), Fábio Pina, o pagamento de dívidas juntamente com a compra de roupas para o inverno será a prioridade. "Nesta época do ano as pessoas ainda têm sobra de dívidas que se iniciaram no começo do ano, e paralelamente precisam comprar roupas de inverno", explica Pina. Ele diz que com a injeção do valor e o resultado do mês de maio - mês de uma das datas mais importantes do varejo, o Dia da Mães -, o setor deve crescer entre 5% a 10% neste período. Outro dado apontado pelo analista da Fecomércio é que a segunda parcela do 13º tem uma maior representatividade no comércio varejista, pois o valor a ser inserido na economia é de, em média, R$ 10 bilhões.

 

Na ocasião, os consumidores provavelmente utilizarão o volume para comprar presentes de Natal. "O final do ano é um momento em que as pessoas querem reformar seu lar, e comprar presentes para amigos e familiares. Elas se esquecem dos tributos que terão de pagar no próximo semestre", disse. Para o economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo, Marcel Solimeo, "este valor auxilia, ele sempre é benéfico para movimentar a economia e o varejo do País, mas ele não pressiona um crescimento mais acelerado do setor", enfatiza.

 

Empresas

 

A entrada deste montante juntamente com a do inverno faz redes como o Grupo Pão de Açúcar (GPA) esperar ampliar em 50% as vendas de aquecedores em 2011. No setor têxtil, o crescimento deve ser de 12% frente a igual período do ano passado. O setor de calçados também investe neste período para alavancar as vendas: um exemplo é a marca de calçados Miss Shoes, que deve lançar cerca de 500 modelos de sapatos femininos e deve inaugurar até o final do ano 12 franquias e obter um faturamento de R$ 2 milhões em 2011, com crescimento de 20%. Já o grupo de vestuário Marisol, que detém as marcas Babysol, Pakalolo, Lilica & Tigor e Rosa Chá, tem um objetivo de crescimento de 30% até o final deste ano por meio de abertura de lojas e da melhora da economia. Hoje a empresa possui 165 franquias Lilica & Tigor, 125 pontos One Store Marisol, 18 lojas Babysol, três franquias Pakalolo e 12 mil pontos de venda multimarcas que comercializam os itens do grupo.

 

Análise

 

Apesar de uma parte deste benefício pago ser voltada para o pagamento de dívidas no Brasil, a pesquisa do Serasa Experian afirma que esta medida não será suficiente. A entidade afirma que os próximos meses devem mostrar mais aumentos das dívidas dos brasileiros e que ainda deve demorar um pouco para que os consumidores percebam que devem suspender um pouco as compras para reequilibrar suas finanças, segundo especialistas.

 

De acordo com os economistas da Serasa Experian, "a elevação dos juros e as medidas de restrição ao crédito para controle da inflação intensificaram a evolução da inadimplência do consumidor". As dívidas bancárias contribuíram com 55% de toda a variação mensal. "A fatia de endividados deve continuar crescendo, pelo menos até agosto", diz Pina. De acordo com ele, esse é o tempo necessário para que vençam parcelas restantes de compras feitas, por exemplo, em cinco vezes no cartão de crédito.

 

Para o especialista, essa alta do nível de endividamento era esperada, já que as pessoas compraram muito mais, sobretudo no final do ano, animadas pelo crédito mais fácil até 2010. "Foi um tempo de crédito fácil e a isenção de impostos para a compra de automóveis e eletrodomésticos", diz.

 

Pina também acredita que as medidas prudenciais, adotadas pelo governo federal para conter o crédito, demoram a ser absorvidas pelos consumidores. "Muitas pessoas continuaram comprando muito após as medidas de contenção de créditos do governo federal. Depois não conseguem efetuar o pagamento, o que gera maior nível de endividamento."

 

Ele acentuou que os consumidores brasileiros parcelam as compras sem perceber que estão comprometendo as finanças.

 

Os solteiros brasileiros movimentam R$ 418,7 bilhões por ano, segundo pesquisa do Data Popular. Deste total, os jovens emergentes possuem quase metade de participação (46%).

 

No Brasil, o número de pessoas maiores de 18 anos que mantêm este estado civil é de 47,1 milhões, e a faixa etária é de, em média, 32 anos. Cerca de 3,7 milhões vivem sozinhos, o que corresponde a 8% do total. Nas classes D e E, a maior parte dos solteiros é de mulheres, que totalizam 52% dos 15,4 milhões de brasileiros deste grupo.

 

Já nas classes A, B e C, a maioria dos solteiros é de homens, com percentuais de 49% e 47%, respectivamente. A Região Norte do País registra a maior concentração de pessoas desse grupo (50,4%) e o sul brasileiro tem a menor distribuição: 31,9% dos solteiros da região.

 

As pessoas emergentes que não são casadas detêm 46,3% da massa de renda do grupo, movimentando R$ 193,9 bilhões.

 


Veículo: DCI


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