Supermercados: Alterações visam recuperar operações na França e ganhar a confiança dos investidores
O Carrefour, segundo maior varejista do mundo, deslocou o diretor de suas operações na Europa para a unidade da companhia na França, em sua mais recente estratégia para conquistar a confiança de investidores em seu plano de recuperação.
O Carrefour, que realizará sua assembleia geral de acionistas na terça-feira, afirmou em comunicado que o veterano na companhia Noel Prioux - que tinha sido colocado no comando das operações na Europa apenas um mês antes - agora vai dirigir a unidade da rede na França. A companhia nomeou Thomas Huebner, suíço que trabalhou no McDonald's, como novo chefe das operações na Europa.
"Isso revela um pouco de desespero", afirmou um analista de Londres. "Por que o nomeiam para a Europa e, de repente, para a França?" A varejista teve desempenho abaixo da média do setor no país, seu mercado doméstico e segunda maior economia da Europa, e previu que os resultados do primeiro semestre ficarão abaixo das expectativas.
O presidente-executivo Lars Olofsson havia assumido o comando do mercado doméstico após demitir James McCann, diretor das operações na França anteriormente. O mercado francês representa 40% das vendas do grupo e está sob pressão, a medida que os concorrentes mantêm preços baixos para ganhar participação. Olofsson continuará a cuidar dos negócios no país enquanto Prioux implementa um plano de recuperação para mudar o rumo das operações, afirmou o Carrefour.
Além das vendas aquém do esperado, outros problemas afetam a rede na França. Como se não bastasse uma série de greves nos supermercados Carrefour Market (ex-Champion) por razões salariais, o grupo foi condenado na terça-feira pela Justiça francesa a pagar uma multa € 3,7 milhões por desrespeito ao pagamento do salário mínimo legal, o chamado "Smic", que é de pouco mais de € 1 mil, já descontados os impostos.
A infração teria penalizado cerca de 1,2 mil funcionários em 12 lojas do grupo no país. O Carrefour, segundo maior grupo mundial de varejo, não teria levado em conta o tempo de pausa dos empregados no cálculo dos salários. Cada funcionário receberá uma indenização de € 2 mil. A empresa foi condenada a pagar ainda entre € 10 mil e € 15 mil de multa a cada uma das federações sindicais que prestou queixa.
O diretor de recursos humanos do Carrefour, Jean-Luc Masset, declarou à imprensa francesa que a empresa vai recorrer da decisão. Segundo ele, "a totalidade de funcionários do grupo recebe uma remuneração anual que é superior ao salário mínimo". Além disso, diz, os funcionários têm direito a plano de saúde, participação nos resultados e descontos de 7% nas compras em lojas do grupo.
Na terça-feira, sindicatos prometem protestar na assembleia geral de acionistas "para denunciar as ambições especulativas do grupo", que prevê aprovar nessa reunião o desmembramento e a listagem de sua rede Dia na bolsa de Madri.
Veículo: Valor Econômico