CDL-BH aponta meio de pagamento como a maior causa do comprometimento financeiro do consumidor.
O cartão de crédito é responsável pela inadimplência de pouco mais da metade (50,36%) dos consumidores de Belo Horizonte. A maior parte dos inadimplentes (67,86%) deve mais de R$ 500,00 e mais de um terço (33,33%) parcelou as compras no cartão em até três vezes. Os dados são da pesquisa realizada pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH) sobre o perfil do inadimplente da Capital, que ouviu 400 consumidores entre os dias 1º a 10 de junho.
A pesquisa mostra que o produto que mais levou as pessoas à inadimplência foram as roupas. Elas são responsáveis por 17,91% dos compromissos que deixaram de ser cumpridos com os cartões de crédito. Em seguida vêm os eletrônicos (12,69%), contas de água, luz ou telefone (11,25%), eletrodomésticos (11,19%), empréstimo (9,75%), móveis (8,21%), alimentos e bebidas (7,46%), calçados (5,22%), plano de saúde (3,75%), carro (2,25%), imóvel (2,25%), faculdade (2,1%), ajudar a família (1,49%), reforma de imóvel (1,49%), perfumaria (1,49%), cama, mesa e banho (0,75%) e remédios (0,75%).
Na opinião do presidente da CDL, Bruno Falci, o que falta ao consumidor é aprender a administrar o cartão de crédito, controlando os gastos no momento da compra. "O consumidor não se lembra de fazer as contas de quanto gastou em cada compra e, quando ele não paga ou quita só uma parte do cartão, fica mais difícil liquidar a dívida, em conseqüência das altas taxas de juros cobradas pelas administradoras", explica.
Falta de planejamento - Entretanto, somente 4,51% dos inadimplentes admitem que deixaram de pagar o cartão por falta de planejamento no orçamento e 5,26% por terem feito uma "compra não planejada". De acordo com a pesquisa, o desemprego foi o motivo que levou 40,60% dos devedores de cartões a ficarem sem recursos para quitar os parcelamentos, mas também pesam a redução dos rendimentos (13,53%) e as compras feitas para terceiros (10,53%).
Os outros motivos para a inadimplência do consumidor de Belo Horizonte com os cartões de crédito são: doença e falecimento (6,77% dos casos), má-fé (4,51%), e outros, que incluem desacordo comercial, roubo, serviço não solicitado e juros abusivos (4,51%), uso excessivo do crédito (3,76%), falta de tempo/esquecimento (3,76%), empréstimos (1,5%) e atraso no salário (0,75%).
Outra característica dos endividados com cartões é o parcelamento das compras. Atrás dos 33,33% que dividiram o pagamento em até três vezes, vêm aqueles que parcelaram em quatro a sete vezes (25,64%), os que dividiram em mais de dez vezes (23,08%) e os que vão pagar em oito a dez vezes (17,95%).
Para ficar livre da dívida, a grande maioria (83,70%) pretende fazer malabarismos com o salário, além de cortar gastos em casa. Mas os consumidores já fazem contas também para pagar a dívida do cartão de crédito, que tem os juros mais altos dentre todas as formas de pagamento disponíveis, usando todos os recursos que tiverem em mão, incluindo a restituição de Imposto de Renda. Há aqueles (5,19%) que admitem não ter intenção de pagar; outros (4,44%) vão recorrer a empréstimos; 2,96% vão usar recursos da poupança; 2,22%, às férias e 1,48%, ao FGTS.
A boa notícia é que 59,29% dos inadimplentes pretendem ficar livres de suas dívidas nos próximos 30 dias, 25,71% não conseguirão quitar neste prazo e 15% ainda não sabem quando poderão pagar.
Atrás do cartão de crédito, as compras no crediário ficaram responsáveis por 13,14% da inadimplência em Belo Horizonte no início de maio. Em seguida vem empréstimos com bancos e financeiras ((11,68%), contas de água, luz e telefone (8,76%), compras a vista com cheque (7,30%), compras a prazo com cheque pré-datado (6,57%) e outros (2,19%).
Veículo: Diário do Comércio - MG