Excesso de opções também atrapalha na hora da compra nos corredores dos mercados
Você já se sentiu perdido no meio das prateleiras de algum supermercado? Já ficou vários minutos pensando em qual produto comprar diante de muita variedade de marcas? Essas são apenas as características visíveis de um problema recorrente no consumo: o excesso de opções que confunde, em vez de ajudar.
A variedade inclui alterações de textos e títulos para promoção, além das peculiaridades de cada tipo de mercadoria. No caso dos alimentos, por exemplo, encontramos produtos transgênicos ou não, integrais, naturais, ecológicos, hidropônicos, orgânicos, com ou sem agrotóxicos, sem adubos químicos, sem conservantes e muitas outras informações.
Para o comerciante Wanderley Sanches, que costuma fazer compras com o filho, Fernando Augusto, a dificuldade está em escolher a marca de farinha. “São muitas marcas com embalagens de tamanhos diferentes. A gente quebra a cabeça fazendo conta para saber qual compensa mais, pois, às vezes você acha que está fazendo um bom negócio e está levando prejuízo. Além disso, tem farinha de todo tipo: milho, trigo, mandioca... ”, diz.
Já a dona de casa Sandra Santiago fica na dúvida na hora de levar produtos de limpeza. “Hoje quase levei uma marca nova de alvejante, pois tinha 500 ml à mais do que a que costumo pegar pelo mesmo preço. Mas vou ficar co ma conhecida, pois sei que rende mais do que as outras”, justifica.
Paulo Arthur Goes, diretor de fiscalização do Procon-SP, a regra número um para uma boa escolha é comparar todas as opções possíveis, lendo com atenção as características dos produtos. Outra coisa importante é não se deixar levar pelas aparências. “Em um supermercado, nem tudo é o que parece ser. O marketing está evoluído a tal ponto, que existem especialistas em design capazes de criar uma verdadeira ilusão de ótica para o consumidor”, afirma.
Cuidado com promoções
Para não ser enganado, tome cuidado com promoções do tipo “leve 3, pague 2” ou que oferecem brindes (muito comuns em biscoitos, iogurtes, salgadinhos e achocolatados). Se o preço é maior do que quando não havia brindes, não é brinde.
Você está pagando por isso. Preste atenção também nas embalagens grandes, opacas ou econômicas. “Verifique se o espaço interior das embalagens, entre as unidades dos produtos, estão bem preenchidos. Algumas empresas colocam caixas gigantes e, depois de comprar, o consumidor descobre que o produto não é tão grande assim”, recomenda Maria Elisa Novaes, advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
Além disso, confira as informações do rótulo, como peso líquido e o volume. “Isso é essencial para que o consumidor compare e saiba se está fazendo um bom negócio. É bom até usar uma calculadora para calcular a diferença de preço real, quando um produto é vendido em quantidade diferente por cada marca”, completa Maria Elisa.
Fraldas
Um dos produtos mais complexos para escolher são as fraldas descartáveis para bebês. Além de marcas e tamanhos completamente variados, existem fraldas noturnas (para o bebê dormir), ultra-seca, fralda de treinamento (para quando o bebê estiver aprendendo a usar o banheiro), com flocgel (produto que que garante melhor absorção), hipoalergênica e até fralda orgânica.
“Tenho muita dificuldade para escolher fraldas para meu filho. Hoje em dia são tantos tipos: é Total Confort, Básica, isso e aquilo”, diz a consumidora Marisa Cristina Traldi. Recentemente, ela adquiriu pacote da fralda básica Pampers de 46 unidades, tamanho G. Na embalagem estava especificado que o produto é para crianças de 7 kg a 11 kg. “Como meu filho pesa 10 kg - peso dentro do padrão especificado - confiei na marca”, diz.
Apesar disso, a fralda não resiste ao peso e sempre vaza. “Em poucos minutos começa a vazar. Além disso, o produto deu alergia e a fita adesiva descolava facilmente, contribuindo para o vazamento”, conta. O resultado afetou o bolso. “Precisei inutilizar as mais de 30 fraldas que restavam do pacote.”
Ao reclamar com a empresa, lhe disseram que deveria ter comprado a fralda de tamanho GG, pois seu filho já estava no peso limite. “Não aceitei este argumento, pois segui as instruções da embalagem e meu filho estava dentro do peso”, conta.
Na opinião de Maria Elisa, do Idec, o que aconteceu com Marisa é suficiente para ingressar na justiça pedindo reparação. “Isso reflete uma informação errada passada pela empresa”, conta.
Veículo: Jornal da Tarde