Centrais de compras crescem e ganham força

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As pequenas redes supermercadistas já disputam em pé de igualdade com as grandes redes do setor, representando um competidor de peso, uma vez que, somadas, ganharam, por meio das centrais de compras, musculatura para negociar com a indústria assim como as gigantes do setor. Prova disso é que se somado o faturamento das 126 centrais de compras em operação no País, em um ranking informal, o valor total das vendas seria R$ 17,65 bilhões, volume equiparado aos das líderes Carrefour, Grupo Pão de Açúcar e Wal-Mart, respectivamente. As centrais, inclusive, deixariam para trás a concorrente norte-americana Wal-Mart que faturou R$ 15 bilhões em 2007.

 

Duas centrais de compras do setor supermercadista de Minas Gerais, a Rede Smart e a Rede Valor, que faturaram juntas R$ 5,07 bilhões ano passado, estão para lá de otimistas e indicam que a tormenta da crise internacional não deverá intimidar seus planos no mercado nacional. No ano passado, essas centrais alcançaram crescimento de 11% na comparação com os resultados obtidos em 2006. Além disso, uma fatia de 88% dessas redes e associações de centrais de compras acirra planos de expansão nos próximos dois anos, apontou levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e da empresa de pesquisas LatinPanel.

 

"O destaque destas operações está principalmente nos índices de produtividade, que crescem ano a ano", comentou Fátima Merlin, diretora de Varejo da LatinPanel. Segundo ela, o segmento vem registrando crescimento superior ao do varejo tradicional, onde estão as maiores redes supermercadistas.

 

As centrais líderes do segmento, Rede Smart e Rede Valor, estão ligadas às atacadistas Sistema Integrado Martins, a maior de auto-serviço do País, e Peixoto Atacado, respectivamente. Além delas, outras, como a Central de Compras (ES) e a Super Rede (CE), cujas holdings não pertencem a grupos, também despontaram no ano passado. Se analisado, o faturamento das associações existentes no País já representa quase 10% do do varejo supermercadista, que alcançou ano passado R$ 136,6 bilhões. Até o momento, a previsão do mercado como um todo para este ano é de um crescimento de 8%.

 

Expansão

 

Para o gerente de Marketing da Rede Smart, Marcelo Cavalcanti, a crise econômica que se espalha pelo mundo já apresenta indicativos de juros mais altos e arrefecimento na concessão de crédito ao consumidor, "vamos continuar com o mesmo ritmo de expansão e até o final do ano teremos mais 100 unidades, totalizando 1,3 mil", garantiu. Formada há oito anos, a rede prevê faturar este ano R$ 5,2 bilhões, um crescimento superior a 25%.

 

Somente nos últimos meses foram incorporadas 85 lojas em Mato Grosso do Sul e mais outras em Pernambuco. Cavalcanti disse que o planejamento estratégico da rede foi iniciado, mas não revela quais serão os próximos passos da Rede Smart. "A prioridade é crescer nas bases de atuação dos 11 estados", disse o gerente.

 

A modernização dos estabelecimentos também é uma das prioridades da varejista mineira. Até o final do ano, a meta é chegar a 500 filiais equipadas com sistema para fazer vendas com cartões de crédito. Além disso, a Smart instalará televisores com LCD nas filiais, já seguindo uma tendência que também cresce no pequeno e no médio varejo. O valor aplicado nas ações não foi revelado pelo executivo.

 

Reforma

 

A Central de Compras, a maior rede de negócios em atuação sem braço no atacado, está mais cautelosa quanto a efeitos da crise, principalmente ao consumidor, que será impactado com juros maiores e restrição na oferta de crédito. O presidente da central, João Luiz Doringueti, diz que este ano o foco é a modernização das lojas. "Metade das 102 lojas estão em processo de ampliação", contou. A meta é fechar 2008 com 110 unidades entre Espírito Santo, Bahia, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

 

Para profissionalizar a gestão, a rede está unificando o sistema de gestão para compra centralizada, já presente em 40 lojas, que estará presente em todas as filiais até o final de 2009. Outro plano é dobrar a capacidade do centro de distribuição, hoje com 13 mil m², ao custo de R$ 2 milhões. A empresa faturou R$ 736 milhões ano passado com perspectiva de ganhos 20% maiores este ano.

 

Novo modelo

 

Visando a ganhar mais capilaridade, a Rede Econômica de Supermercados (Redems), do Mato Grosso do Sul, constituída por 52 lojas e mais de 40 empresas, inaugurou semana passada, em Campo Grande, uma loja-modelo de 1,2 mil m². "A loja ajudará a direcionar os rumos da rede nos próximos anos. Todos os associados injetaram capital no projeto", explicou Adeilton Feliciano do Prado, um fundador da Redems. A expectativa é abrir mais unidades nesse formato e implantar uma gestão profissionalizada na rede. O local foi construído sob encomenda (built to suit) e o aluguel é pago com o valor de 1,1% das vendas mensais. Em 2007, a central faturou R$ 454 milhões e projeta alta de 7% nos ganhos este ano. O executivo da Redems garantiu que a companhia continua em pleno desenvolvimento, apesar do cenário internacional conturbado. Em 2009, Prado buscará associados no sul do estado.

 

Para Sussumu Honda, presidente da Abras, "no futuro, os supermercados de menor porte deverão estar ligados a algum modelo, seja atacadista ou varejista. Cada vez mais, o pequeno varejista mostra que se profissionaliza em todas as áreas que compõem o negócio supermercado", analisou o presidente.

 

Veículo: DCI


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