La Polar fará aumento de capital

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Os acionistas da La Polar aprovaram aumento de capital de US$ 212 milhões que poderia salvar a varejista chilena, ainda em recuperação do escândalo de crédito a clientes que fez desaparecer US$ 1 bilhão de seu valor de mercado e a deixou perto de uma recuperação judicial pela segunda vez em sua história.

 

Após queda de 80% em duas semanas, as ações da quarta maior varejista do Chile subiram 15%, em antecipação à reunião de acionistas, até a negociação ser suspensa na sessão de quarta-feira.

 

Os papéis fecharam cotados a 467,26 pesos chilenos, o que confere valor de mercado de 116 bilhões de pesos (US$ 246 milhões). Antes de o escândalo tornar-se público, em 8 de junho, a empresa valia 581 bilhões de pesos.

 

"As ações subiram porque as chances de se chegar a um acordo para salvar a empresa aumentaram", disse o analista Francisco Errandonea, do Santander Investment, no Chile. A empresa luta para ficar de pé, em meio às especulações no mercado sobre possíveis compradores. A rede entrou em processo de recuperação judicial há 12 anos e foi comprada pelo Southern Cross Group, fundo de investimentos em participações, que posteriormente vendeu suas ações.

 

Para apoiar o aumento de capital, os fundos de pensão impuseram duras condições, como o congelamento do plano de investimento da empresa, a suspensão da expansão na Colômbia, onde abriu sua primeira loja este ano, e o veto à concessão de opções de ações a executivos.

 

Originalmente, a empresa esperava levantar US$ 400 milhões com o aumento de capital, mas Errandonea disse que a quantia era bastante superior às necessidades mais urgentes da empresa e que "US$ 200 milhões permitem sua sobrevivência, mas sem crescer".

 

Alguns acionistas minoritários insatisfeitos gritavam "ladrões" do lado de fora do prédio em que se realizou a reunião. A empresa admitiu que reestruturou cerca de US$ 1 bilhão em créditos atrasados sem ter informado os 400 mil clientes envolvidos nem o conselho de administração, no que os críticos consideraram uma tentativa de encobrir erros nas provisões para prejuízos. A empresa tem dívidas em torno a US$ 850 milhões e agora informa que terá de reservar cerca de US$ 900 milhões em provisões para perdas com empréstimos, o dobro das estimativas iniciais.

 

A rede La Polar, cujo público é de clientes com menor renda que o de seus rivais Cencosud, Falabella e Ripley, vende quase tudo, desde lavadoras de roupa e computadores até brinquedos. Tem operações no Chile e Colômbia. Seus planos de investimentos até 2015 previam gastos de US$ 250 milhões em 18 novas lojas.

 

O preço para o aumento de capital será fixado em reunião de acionistas em data a ser anunciada.

 

A empresa demitiu vários funcionários. O presidente interino do conselho de administração renunciou esta semana. Seu substituto, César Barros, foi líder da associação de exportadores de salmão do Chile e comandou renegociações com instituições financeiras credoras após o setor enfrentar escassez de crédito. Ele se comprometeu a desvendar o escândalo até o fundo e o governo iniciou investigação criminal.

 

O escândalo teve repercussão pelos mercados, mas o presidente do banco central chileno, José de Gregorio, disse que o impacto foi relativamente contido.
 

 

Veículo: Valor Econômico


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