Com o objetivo de analisar medidas de ordem tributária para dar mais competitividade à indústria têxtil nacional, o Ministério da Fazenda vai criar um grupo de trabalho específico para cuidar e discutir formas de proteção ao setor. A decisão foi tomada pelo ministro Guido Mantega, após reunião com a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Indústria Têxtil, na manhã de ontem. O primeiro encontro do grupo acontecerá no início da próxima semana, e vai contar com a presença de técnicos da indústria têxtil e com membros da pasta do governo federal.
Entre os assuntos a serem tratados pelo Executivo estão a desoneração da folha de pagamentos das empresas do setor e o fim da guerra fiscal entre estados, por meio da unificação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS).
Na avaliação do presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Aguinaldo Diniz Filho, a criação do grupo de trabalho vem para somar os esforços da categoria em fortalecer o segmento e driblar a concorrência com os produtos importados, principalmente os originários da China.
Segundo ele, o encontro de ontem foi basicamente para apresentar os problemas do segmento ao ministro e o próximo, será para estabelecer medidas e criar soluções. "Na próxima semana vamos discutir item por item para que criemos soluções que evitem a entrega do setor industrial como um todo aos países do continente asiático", explicou.
Alerta - Ainda conforme Diniz Filho, é importante que o governo resguarde as companhias brasileiras do segmento, de forma a não transferir os empregos aqui gerados para a China, principal concorrente dos produtos nacionais.
"Não podemos simplesmente destruir os empregos, em função do mercado internacional. Dessa forma, desempregamos no Brasil e criamos vagas na China. O maior ativo do Brasil é o mercado interno e não podemos entregá-lo para outros países", disse. O setor têxtil brasileiro é hoje, segundo Diniz Filho, responsável por quase 8 milhões de empregos, entre diretos e indiretos.
A intenção da Frente Parlamentar é de que o setor tenha um número de horas de reunião com a equipe do Ministério da Fazenda semelhante a outros setores, como o automobilístico. Além disso, a frente parlamentar pode se estender futuramente com a inclusão do setor calçadista, que também esteve presente no encontro de quarta-feira, e vive momento semelhante de falta de competitividade.
"Nesse caso, a luta é dupla. O segmento de calçados também está sofrendo com a concorrência desleal dos produtos importados e essa situação não pode continuar. Para se ter uma ideia, atualmente, juntos, os setores de calçados e têxtil geram quase 17% dos empregos da indústria de transformação do país", lembrou.
Veículo: Diário do Comércio - MG