Medidas macroprudenciais adotadas pelo governo federal levam setor a adiar planos de investimento.
As medidas de contenção adotadas pelo governo federal para desacelerar o consumo e a inflação já começaram a ter impactos no setor supermercadista de Minas Gerais. Em função do desaquecimento das vendas, algumas redes do Estado estão revendo suas metas de crescimento para o acumulado do ano e adiando investimentos na abertura de novas unidades.
O Supermercado ABC, que possui 21 lojas espalhadas pela região Centro-Oeste de Minas, por exemplo, no início deste exercício planejava inaugurar quatro lojas e ampliar outras duas. No entanto, conforme o diretor de Marketing da rede, Túlio Fernandes Martins, em virtude das mudanças no perfil do consumo no mercado interno, o planejamento foi revisto.
"Vamos reinaugurar uma loja em Divinópolis e abrir outras duas ao longo do segundo semestre deste ano. Já duas outras inaugurações e uma reforma ficarão para o início de 2012, pois os negócios estão começando a desaquecer", explicou.
Segundo Fernandes, a loja que está sendo reformada passará à categoria de hipermercado, com aumento de 1 mil metros quadrados para 3,5 mil metros quadrados. Já as unidades em construção estão sendo erguidas nos municípios de Oliveira e Lavras, sendo uma loja de 2,8 mil metros quadrados e a outra de 3,4 mil metros quadrados, respectivamente. Ao todo, devem ser gerados 500 empregos diretos.
A rede de supermercados Coelho Diniz, sediada em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, também teve que postergar os investimentos. De acordo com o proprietário, Ercílio Diniz Filho, o planejamento estratégico foi revisto, em função das medidas adotadas pelo governo federal.
"Ainda não estamos sentindo efetivamente os resultados nos negócios, no entanto, sabemos que a desaceleração das vendas será inevitável. Por isso, optamos por transferir os investimentos para o primeiro trimestre do ano que vem", justificou.
Conforme ele, a unidade será inaugurada na região do Vale do Aço e não fugirá dos moldes das lojas já pertencentes à rede. Ao todo, serão cerca de 4 mil metros de área de vendas, 30 estações de pagamento (caixas) e estacionamento com 200 vagas.
No ano passado, a rede também não inaugurou nenhuma unidade. Conforme Diniz Filho, naquele exercício os investimentos foram direcionados às mudanças estruturais na empresa, como aumento da capacidade de armazenamento e logística. "Somente a capacidade do nosso depósito mais que dobrou com os aportes realizados. Atualmente, o espaço conta com mais de 25 mil metros quadrados de área", explicou. Além disso, a empresa realizou inversões na modernização da frota, que conta hoje com 50 veículos pesados.
Mesmo com cenário de desaceleração, grupo Super Nosso/Apoio Mineiro espera vendas 30% superiores às do ano passado
Perspectivas - Em relação às perspectivas de negócios para este ano, o proprietário do supermercado afirmou que também tiveram que ser revistas. Segundo ele, inicialmente o objetivo era aumentar as vendas em 25% em relação ao ano passado, porém, este índice agora passou para 15%. "Esta foi a média de crescimento registrada de janeiro a maio em relação à mesma época do ano passado. Acredito que devamos mantê-la também no acumulado do exercício", explicou.
Já no caso do grupo Super Nosso/Apoio Mineiro, o planejamento de expansão do número de lojas ainda não precisou ser revisto, porém, o gerente de Comunicação e Marketing do grupo, Marcos Kayser, não descarta a desaceleração dos negócios. Segundo ele, por enquanto, estão previstas uma loja da rede Super Nosso (varejo) e duas do Apoio Mineiro (Atacado) para serem inauguradas até o fim deste exercício.
" claro que já está sendo possível observar uma leve retração no consumo, que no final do ano poderá impactar os resultados da rede. Mas por enquanto não é nada de tão alarmante que nos tenha feito rever as metas de expansão", destacou. Para o acumulado do ano, o grupo prevê um crescimento no volume de vendas da ordem de 30% na comparação com o exercício anterior.
Veículo: Diário do Comércio - MG