Apesar do algodão valorizado, setor têxtil prevê expansão

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Importação de máquinas e equipamentos cresceu 46,57% entre janeiro e abril na comparação com o mesmo período de 2010

 

A indústria têxtil reclama do impacto da valorização do algodão no mercado internacional e da concorrência com os produtos importados, mas parece apostar em uma expansão.

 

As importações de máquinas e equipamentos têxteis cresceram 46,57% de janeiro a abril, frente ao mesmo período de 2010, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). O total investido foi de US$ 299 milhões.

 

Os tecidos ficaram mais caros, e o produto nacional, menos competitivo. Mas, entre os varejistas, a avaliação é que os importados demandam muita antecedência e planejamento, embora tenham qualidade e custem menos. Por isso, muitos optam pelo produto brasileiro para aumentar as vendas.

 

Alberto Osório, sócio da Maria Filó, conta que apenas 5% dos produtos da grife são importados. A marca tem 24 lojas próprias e 22 franquias. Ele ressalta que, além do preço, a mão de obra especializada e os insumos de qualidade tornam atraente o produto da Índia e China. Mas há risco de atraso na entrega.

 

"Até fazer desenvolvimento à distância, receber o produto, fazer ajustes, tudo isso leva mais tempo do que a produção interna. O tempo é de dois a três meses. E ainda tem o risco de atrasar no transporte. Então, tem que antecipar muito o processo de criação", explicou Osório, que espera expandir as suas vendas de R$ 69 milhões em 2010 para R$ 90 milhões em 2011.

 

A grife Mercatto é outra que aposta em um crescimento sustentado pela indústria nacional. A marca negocia com os fornecedores preços mais baratos para compras em escala. São 350 mil peças produzidas por mês. Segundo o diretor comercial da grife, Renato Cohen, a intenção é que as vendas cheguem a R$ 9 milhões em 2011.

 

"A maioria dos produtos é nacional. Temos apenas uma pequena parcela de compras da China. Como o nosso volume é muito grande, nós conseguimos um preço muito bom com os fornecedores daqui", disse Cohen. "Às vezes o produto importado demora mais do que deveria. Isso acaba engessando a coleção e você fica sem ter o que vender na loja."

 

Com 38 lojas próprias e sete franquias, a grife ainda espera abrir outras cinco lojas e oito franquias até o fim do ano. Para dar conta da demanda, a Mercatto investiu R$ 3 milhões em um novo centro de distribuição, com 4 mil metros quadrados, que deve entrar em operação em dois meses. "O nosso maior investimento é em tecnologia, principalmente na cadeia de fornecimento, na parte de logística", contou Cohen.

 

Já a grife Basthianna investiu em uma fábrica maior para atingir a meta de vender 35 mil peças por mês e dobrar o número de pontos de venda, hoje em 400. "Dupliquei minha capacidade de produção e fiz novas contratações", falou a proprietária Juliana Marçal, que substituiu o algodão pela viscose na última coleção para reduzir os custos.

 

Investimentos. Segundo Aguinaldo Diniz Filho, presidente da Abit, o setor têxtil investiu R$ 2 bilhões em 2010. Em 2011, o montante deve ser menor, por causa da percepção da inflação e dos juros mais altos, mas ainda deve chegar a R$ 1,5 bilhão. "Isso é muita coisa, porque somos um setor de mão de obra intensiva", disse Diniz Filho.

 

Apesar dos investimentos, Eloysa Simão, diretora-geral do Senac Rio Fashion Business, ainda vê a indústria nacional de tecidos como defasada, o que obrigaria as grifes a importarem até 80% dos tecidos usados nas coleções. Ela vê a importação como uma ameaça ao produto nacional. "São baratos, têm um custo/benefício inegável e muitas vezes entram no País sem impostos", afirmou Eloysa.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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