A alta do dólar, ocasionada pela crise financeira internacional, está fazendo com que muitas empresas importadoras mantenham as mercadorias paradas nos portos. A maioria opta por analisar o mercado dia-a-dia antes de definir a quantidade de contêineres que irá desembaraçar. Com isso, nas últimas semanas, o tempo de permanência dos produtos armazenados nos terminais dos portos em todo o país tem aumentado.
"Os pátios estão cheios e há acúmulo nos principais portos do Brasil. Mas acredito que é uma questão pontual, momentânea, causada pela crise. Nos últimos dias, quando o dólar baixou um pouco, percebemos que os estoques começaram a cair", afirmou a presidente da Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (Abtra), Agnes Barbeito.
As indústrias de eletrodomésticos são exemplos de empresas que estão administrando os estoques no porto. O presidente da Suggar, Lúcio Costa, disse que está desembaraçando mercadorias somente na medida do necessário. "Vou continuar fazendo isso enquanto o dólar estiver alto, já que isso implica pagamento de taxas mais altas para retirada dos produtos."
Segundo Costa, apesar de amargar aumento nos custos, ele não teme a crise. "Minha empresa é consolidada, tenho uma estrutura financeira, logística e operacional bem organizada. Além disso, como precaução, sempre tem aquela gordura extra para queimar", afirmou.
A Suggar possui um mix de 75 produtos, sendo que 66 são importados da China. Por mês, chegam no país até 70 contêineres lotados de mercadorias. E, mesmo com a proximidade do Natal, período de alta nas vendas, o empresário não acredita que terá problemas para repor os estoques e nem pretende rever a previsão de faturamento para 2008. "Eventualmente, pode até ocorrer menor ganho. Mas, a empresa vai manter a previsão de 32% de crescimento este ano frente a 2007."
Veículo: Diário do Comércio - MG