As concessionárias do sistema ferroviário brasileiro não sentirão fortes impactos da crise financeira global. Quem garantiu foi o diretor-executivo da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Rodrigo Vilaça. Para ele, os reflexos certamente não virão em 2008. "Apenas em dezembro, após a finalização de alguns contratos em andamento e a formalização de novas obrigações, o setor terá uma visão mais clara do que poderá acontecer em 2009. Mas estamos seguros em relação à continuidade do crescimento", disse.
Neste exercício, o volume transportado deve crescer 9,2% e a perspectiva seria manter o patamar de 9% a 10% de elevação no ano que vem, de acordo com ele. A perspectiva de volume transportado chega a 500 milhões de toneladas em 2008, conforme informações da ANTF.
"O quadro não está definido para o próximo ano, mas estamos ao mesmo tempo seguros em relação à manutenção do crescimento e observando de perto o desenrolar da crise externa", afirmou Vilaça.
Segundo ele, o setor cresce todo ano acima do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Os investimentos privados no modal ferroviário previstos para este ano chegam a R$ 5 bilhões, conforme Vilaça. O valor é considerado recorde, desde o arrendamento das linhas, há 11 anos.
A segurança em relação ao volume transportado parte da ampliação da participação de alguns produtos que compensa a queda de outros. Segundo o diretor-executivo da ANTF, um exemplo é que enquanto as commodities agrícolas apresentaram retração após o agravamento da crise internacional, as mineradoras e siderúrgicas ampliaram os volumes transportados para abastecer os mercados interno e externo.
As empresas privadas que operam ferrovias no país esperam investir cerca de R$ 32 bilhões até 2015, sem contar os impostos, conforme previsão da ANTF. Segundo Vilaça, pelo menos até 2012 os aportes deverão alcançar R$ 25 bilhões, em projeções conservadoras.
As inversões devem seguir em quatro grupos principais, divididos em expansão da malha ferroviária, aquisição de locomotivas e vagões, tecnologia e contratação de pessoal.
Com relação ao volume de carga transportada, a estimativa da entidade é que a expansão será de aproximadamente 50%, já que passará de cerca de 500 milhões de toneladas anuais para 765 milhões de toneladas até 2015.
A desestatização de ferrovias levou a melhorias no setor de transporte de cargas no período de 1997 a 2007, segundo Vilaça. Para ele, é necessário continuar investindo na expansão e manutenção da malha, compra de equipamentos e modernização do sistema operacional.
Veículo: Diário do Comércio - MG