Se o mercado de flores ornamentais ainda é caracterizado, no Brasil, por produtos tradicionais como os vasinhos de violetas ou de kalanchoe, há empresários investindo em novidades para ampliar o segmento e os lucros. O engenheiro agrônomo Luciano Van Der Heideen, ligado a uma das duas grandes cooperativas de Holambra (SP), espera vender, neste inverno, 50 mil vasos de roseiras que possuem uma característica ainda pouco conhecida no País – certificação de pagamento ao criador da variedade, no caso a empresa holandesa De Ruiter.
O combate à pirataria de produtos é apontado como uma das principais dificuldades no segmento de flores e plantas ornamentais. "Enquanto o direito do melhorista (a pessoa que desenvolveu a novidade vegetal) não for respeitado, o mercado não estará amadurecido", afirma a presidente da Câmara Setorial de Flores e Plantas Ornamentais junto ao Ministério da Agricultura, a advogada e agrônoma Sílvia Van Rooijen, também de Holambra, a região que produz 40% do total comercializado no Brasil.
"Como em todos os mercados, o público quer novidades", diz Luciano, "e as novidades vêm de fora, é preciso pagar pelos direitos".
O direito do produtor está previsto na Lei de Proteção de Cultivares (de 1997). "O perfil do pirata de cultivar é diferente do pirata de CD, porque são geralmente produtores desavisados. O nosso vilão é a falta de informação", diz Sílvia. "O pirata pode ser notificado e receber multa ou penalidade de indenização pela fiscalização do Ministério da Agricultura", garante. As variedades desenvolvidas por melhoristas têm preços mais altos do que as de domínio público porque apresentam mais resistência e durabilidade.
"As rosas das variedades antigas duram sete dias e as novas variedades duram de dez a 12 dias", ilustra Sílvia. "Na Ceagesp, uma haste de gérbera de variedade nova alcança R$ 0,50 ou R$ 0,60, bem acima dos R$ 0,15 a R$ 0,20 das tradicionais," acrescenta a especialista, que também é secretária da Associação Brasileira de Proteção de Cultivares de Flores e Plantas Ornamentais (ABPCFlor).
Ela explica que muitas variedades comercializadas no Brasil são "dinossauros" fora de moda no mercado da Europa e dos Estados Unidos. As roseiras de jardim, por exemplo, fazem parte do primeiro grupo e quase desapareceram. As roseiras vendidas em vasos podem recuperar uma parte do mercado.
Segundo a especialista, o mercado brasileiro, estimado em R$ 4 bilhões anuais, é por enquanto emergente – ele é mantido por datas tradicionais, como o Dia das Mães, dos Namorados, Natal, Dia das Mulheres e da Secretária. "Será um mercado equilibrado quando tiver menos sazonalidade, sustentado por consumidores que compram plantas para levar para casa", diz.
Os vasos de plantas vêm conquistando mais espaço no canal de vendas supermercado, que hoje domina o segmento, enquanto as floriculturas dominam as vendas de flores de corte. As vendas de supermercados foram ajudadas pelas compras da emergente classe C.
Veículo: Diário do Comércio - SP